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TAP e as suas “TAPalhadas”

“Senhoras e senhores passageiros, acabámos de aterrar no aeroporto do Porto Santo”. Esta é uma frase que não ouvirá neste Inverno, se viajar num dos aviões da companhia aérea de bandeira portuguesa, a nossa querida TAP (subsidiada por todos nós, contribuintes portugueses).

Em Setembro deste ano, foi divulgado o plano de voos da nossa querida Transportadora Aérea Portuguesa, para o período de inverno, ou seja, de 31 de Outubro de 2021 a 26 de Março de 2022. E lá, podemos ver que, para o arquipélago da Madeira, a nossa querida TAP ligará apenas o continente à Madeira. E o Porto Santo? Ficará a ver navios… e mesmo assim, em janeiro deixará de os ver, já que o Lobo Marinho fará a sua habitual manutenção…

E, claro está, esses voos para a Madeira serão ao preço do diamante, o que impossibilita muito boa gente de entrar e/ou sair do Porto Santo, pela Madeira, com a TAP, companhia cujo estado é accionista principal, com 72,5%... muito graças ao nosso grande (ironia) ministro das infraestruturas e habitação, Pedro Nuno Santos, que sempre se demonstrou muito indignado com a forma como os privados geriam os voos em território português... Esta última parte poderia ser, mas não é uma piada...

O Porto Santo não pode ser visto pelos “donos disto tudo” como algo que só “bate” no verão! Isto porque, ao contrário dos senhores continentais, que podem pegar no seu carrinho ou apanhar um comboio, por um preço verdadeiramente módico, e ir até onde bem entenderem, o Porto-santense precisa de voar primeiro para a Madeira, numa companhia ESPANHOLA (sim, a nossa TAP nem concorreu para pôr um dos seus aviões a realizar este serviço entre as nossas ilhas) e NADA BARATA, para então conseguir ir ao continente e, por um preço que Antonoaldo Neves, antigo director executivo da TAP definia como “módico”… subentenda-se “pornográfico”.

Os políticos com assento na Assembleia da República, nomeadamente os que compõem este governo liderado por um primeiro-ministro com possível mitomania (é ridícula a forma como atira areia para os olhos de todos os Madeirenses e Porto-santenses), continuam a ver as ilhas como viam no século XV… Pequenos pontos geográficos que permitem alargar o território marítimo do país. Cabe ao Governo Madeirense fazer aquilo que lhe compete! Não apenas fazer um “votozinho” de protesto na Assembleia Regional, mas sim defender os verdadeiros interesses da nossa Região! Não podemos ser sempre prejudicados pela nossa insularidade! Há que os obrigar a cumprir com a Constituição da República e com a Continuidade Territorial!

O Porto Santo e a Madeira não podem, nem devem, ser vistos como colónias de Lisboa! Cabe aos que nos representam, aqueles que elegemos através do voto, chamar essa malta à razão, e defender os nossos interesses!