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Angola registou mais de 10.000 crimes entre Agosto e Setembro

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Ampe Rogerio/Lusa

Angola registou, entre agosto e setembro, 10.788 crimes, informou hoje a Polícia Nacional, que se mostrou preocupada com o número crescente de assaltos na capital, Luanda.

Na apresentação da situação de segurança pública dos últimos 60 dias no país, o porta-voz da Polícia Nacional de Angola, comissário Orlando Bernardo, admitiu que a província de Luanda tem registado um conjunto de assaltos à mão armada "em plena luz do dia", causando uma sensação de insegurança entre os cidadãos.

Orlando Bernardo disse que a polícia tem noção do problema da criminalidade no país e admitiu que "é preciso resolver a situação".

Segundo Orlando Bernardo, os vídeos relativos a, pelo menos, cinco assaltos à mão armada durante o dia, em Luanda, divulgados nas redes sociais, "trouxeram consigo um sentimento de insegurança muito grande aos cidadãos".

"E concomitantemente despertou a necessidade de acelerar os procedimentos de resposta policial, no quadro da prevenção, investigação e instrução, de modo a devolver um sentimento de cobertura policial para a segurança pública", reconheceu.

No total do país, foram esclarecidos 6.694 crimes dos dez mil casos registados em agosto e setembro, tendo sido detidas 7.307 pessoas, por suspeita da prática de diversos crimes.

Os dados divulgados indicam que os crimes violentos representam 27% (2.889) do total geral, nomeadamente homicídios, roubos e agressão sexual, sendo os crimes que mais aumentam as estatísticas criminais os furtos e ofensas à integridade física, representando 46% (4.992) do total, e ocorrem maioritariamente em zonas que escapam à vigilância policial, ou seja, em residências.

Orlando Bernardo salientou que a maioria dos crimes divulgados nas redes sociais foram esclarecidos, com os suspeitos detidos, frisando que chamou a atenção a forma como os crimes tinham sido cometidos, com características diferentes às habituais.

E exemplificou: um assalto na Via Expresso "teve o envolvimento de elementos saídos de outra província, sem qualquer relação entre eles e que se juntaram e que vieram a Luanda, que é uma praça de oportunidade com a participação de alguém da empresa que fazia o transporte de valores, um dos funcionários da empresa".

De acordo com o porta-voz da Polícia Nacional, é comum haver nesse tipo de crimes a participação de alguém que esteja dentro do sistema, fundamentalmente quando envolve dinheiro.

"Entre seis e sete crimes, quatro ou cinco têm sempre participação de alguém próximo da vítima, de alguém que conhece a vítima, que tem conhecimento do 'modus operandis', fundamentalmente crimes que envolvem dinheiro", sublinhou.

O responsável policial realçou que os períodos de aproximação da quadra festiva são "tempos muitos difíceis" para a segurança pública, havendo um plano das forças policiais para manter a segurança dos cidadãos, no sentido de minimizar estes efeitos.

O porta-voz da Polícia Nacional frisou que, depois destes crimes que abalaram o sentimento de segurança na capital angolana, foram realizadas uma série de ações que resultaram na apreensão de 273 armas de fogo, das quais 57 em Luanda, 422 viaturas e 1.062 motociclos, meios usualmente utilizados pelos criminosos nas suas ações.

Em Luanda, foram detidos 61 suspeitos envolvidos na prática de crimes diversos, com recurso a arma de fogo, dos quais 18 por homicídios, um por tentativa de homicídio, 15 por ofensas à integridade física, 25 por posse ilegal de arma de fogo e dois por simulação de serviço de táxi, com recurso a arma de fogo.

Em Angola, diariamente são detidas mais de 300 pessoas por diversos crimes, muitos dos quais violentos, sendo que em Luanda o número ultrapassa os 150 detidos por dia, estando as cadeias "abarrotadíssimas", informou Orlando Bernardo.

Já a resposta das autoridades judiciais para o número de detenções diárias fica aquém do desejado, acrescentou o porta-voz da Polícia Nacional.

Orlando Bernardo disse que a Polícia não tem se focar nas causas do aumento da criminalidade no país, mas sim com o que pode fazer para, com os meios disponíveis, "poder trazer alguma paz, tranquilidade, aos cidadãos".

"Não há polícia nenhuma do mundo, que tenha todos os meios suficientes para combater a criminalidade, as polícias combatem os crimes com os meios que possuem, com aquilo que têm, e são obrigadas a dar a paz e a tranquilidade soa cidadãos, não tem que justificar que não há meios", referiu.

O porta-voz da Polícia angolana destacou que apesar de muitos dos crimes não terminarem em mortes, a probabilidade de que isso venha a acontecer em Angola "é muito alta", lembrando que o rácio polícia/cidadão é de um efetivo para 250 cidadãos, no país, e em Luanda o rácio é de um polícia para mais de 1.500 cidadãos.