Cristo Redentor comemora 90 anos como símbolo do Brasil
O Cristo Redentor, a imagem mais icónica do Brasil no mundo, completará 90 neste dia 12 de outubro e prepara-se para receber uma série de comemorações marcadas por precauções exigidas para controlar a pandemia de covid-19.
Para evocar uma data tão memorável, a imponente estátua que coroa o morro do Corcovado, no Rio de Janeiro, passou por um processo de restauração e está pronta para comemorar as suas nove décadas de existência.
O restauro foi realizado por uma equipa de 40 profissionais - entre alpinistas, escultores, geólogos e outros especialistas - que, entre andaimes, cordas e arreios, percorreram durante um ano os 38 metros da gigantesca estátua para reparar os estragos causados pelas intempéries e o desgaste em alguns pontos da estrutura.
Um dos pontos de restauro ocorreu na mão direita da estátua cuja ponta do dedo médio foi reconstruída, assim como a parte frontal esquerda do topo da cabeça. Também foram feitos dois reparos na parte inferior da estátua, onde está esculpida a manta de Cristo.
Segundo especialistas, vários danos foram causados por raios que atingiram o Cristo Redentor 'carioca', algo que acontece em média cinco vezes por ano.
Embora a estrutura imponente seja equivalente a cerca de 13 andares de um prédio, chegar ao coração de Cristo Redentor leva apenas cerca de cinco minutos.
O percurso, porém, pode ser sufocante e não recomendado para claustrofóbicos já que o espaço é estreito. Do coração ao braço da estátua, onde já é possível enfiar a cabeça, basta subir mais um andar.
A imensidão do Rio de Janeiro e a paisagem que o morro do Corcovado oferece daquela altura uma visão muito apreciada pelos turistas.
A ideia de erguer uma estátua de um Cristo no Corcovado remonta a 1888, quando a princesa Isabel rejeitou a proposta de construir uma imagem do Sagrado Coração de Jesus.
O projeto foi cancelado e retomado em 1921, no âmbito das comemorações do Centenário da Independência.
Naquele ano foi escolhido o projeto apresentado pelo engenheiro carioca Heitor da Silva Costa, com a imagem de Jesus sobre um pedestal segurando uma grande cruz na mão esquerda e um globo na mão direita. O desenho, porém, teve que ser modificado dois anos depois porque os habitantes viram uma bola de futebol em vez do globo, disse à Efe o teólogo Alexandre Pinheiro, coordenador do Núcleo de Coleta e Memória do Cristo Redentor.
A estátua do Cristo Redentor, em estilo "art déco", pesa 1.145 toneladas, é feita de betão armado e totalmente revestida com esteatita (pedra-sabão), um material resistente à erosão que foi cortado em milhares de triângulos de 3 centímetros e colado à mão antes de serem aplicados.
O monumento fica 720 metros acima do nível do mar e foi projetado para suportar ventos de até 250 quilómetros por hora, capacidade quatro vezes superior à média registada no topo do Corcovado.
Apesar da altura e das limitações do terreno e do tempo, não foram registados acidentes fatais durante a construção.
"Foi uma tarefa extremamente desafiante porque o topo do Corcovado mal tem 15 metros de diâmetro e de um dedo da estátua ao outro são 28 metros, então as pessoas trabalharam em andaimes montados na encosta de um penhasco de 750 metros de altura", explicou Pinheiro.
A estátua foi construída em cinco anos (1926 e 1931) e quase inteiramente no Brasil, com exceção da cabeça e das mãos, que foram feitas em Paris pelo escultor francês Paul Landowski, especialista em 'art déco'.
O Cristo Redentor do Rio de Janeiro foi inaugurado em 12 de Outubro de 1931, dia de Nossa Senhora Aparecida, a padroeira do Brasil.
Apesar de sua execução ter sido uma iniciativa da Igreja Católica para comemorar o centenário da Independência do Brasil em 1922, a estátua só foi inaugurada nove anos depois e, em 2007, foi eleita uma das sete novas maravilhas do mundo.