Raparigas acham urgente proteger o ambiente
Inquérito promovido pela Associação Guias de Portugal incluiu também as madeirenses
"Elas acham urgente proteger o ambiente, tentam impedir situações de bullying, têm telemóvel próprio, praticam desporto e reconhecem que deviam passar menos tempo à frente dos ecrãs", assim se resume um inquérito divulgado hoje sobre a temática do Dia Internacional da Rapariga.
"Hoje, Dia Internacional da Rapariga, a Associação Guias de Portugal (AGP), a maior associação juvenil feminina em Portugal, dá a conhecer os principais resultados de uma auscultação que incluiu 1.189 raparigas, com idades entre os 6 e os 21 anos, sobre temas de ação ambiental, lazer e desporto, vida online e redes sociais, relação com os pares, educação e competências, cidadania e saúde", escreve-se.
A auscultação, feita entre janeiro e abril de 2021, integrou raparigas pertencentes à Associação, dos Açores, Braga, Faro, Lisboa, Madeira, Porto, Santarém, Viana do Castelo e Viseu e revelou, por exemplo, que 94% das raparigas inquiridas acham “urgente que todos façam mais para proteger o ambiente”.
Para 77% a poluição causada pelo plástico e para 73% a poluição da água e dos oceanos estão entre as maiores preocupações ambientais. Sobre a responsabilidade de mudar o estado atual do ambiente, as raparigas não fogem à responsabilidade. 59% consideram que as pessoas individualmente têm mais responsabilidade que as organizações e mais de 80% das inquiridas com mais de 14 anos afirmam ser “agente de preservação ambiental”.
Na vertente do lazer e desporto, 69% têm atividades extracurriculares, sobretudo nas idades mais novas. Todas as inquiridas com menos de 10 anos praticam desporto (natação, seguida de dança e ginástica). 82% afirmaram “ter vontade de assistir a mais desporto no feminino nos meios de comunicação social”. Estar na rua, sobretudo para brincar, é algo que 57% fariam mais se “tivessem companhia para o fazer”.
No tema da vida online e redes sociais, as respostas permitem concluir que 96% das inquiridas com mais de 10 anos têm telemóvel próprio, na sua quase totalidade com acesso a internet móvel, e 80% têm conta nas redes sociais. 38% das inquiridas entre os 6 e os 10 anos têm conta no TikTok, 92% entre os 10 e os 14 anos usam o WhatsApp e 96% das raparigas com mais de 14 anos têm conta no Instagram. Quando falamos de tempo em frente ao ecrã, 47% admitem “perder a noção do tempo quando estão online”.
Quando se trata de relações com os pares, 93% garantem que intervêm quando presenciam situações de bullying, sendo que 62% afirmam já terem sido vítimas de bullying verbal, 59% que já se sentiram postas de parte ou excluídas por amigos/colegas e 32%, com mais de 10 anos, referem já ter sido vítimas de bullying por causa da sua aparência física. Ao nível das atividades preferidas com os amigos, 80% referem atividades ao ar livre.
Se falamos de educação e competências, percebemos quais as profissões mais idealizadas pelas raparigas. Até aos 10 anos, a variedade referida é imensa, com o ser veterinária, professora e cantora a liderarem a lista. A área da saúde assume maior relevo a partir dos 10 anos. A partir dos 14 anos, a vertente das artes surge também no topo da lista. Questionadas sobre as avaliações na escola, 61% afirmam sentir “demasiada pressão para terem bons resultados” e 58%, entre os 10 e os 17 anos, referem que “os testes e os exames interferem na sua felicidade”.
Na vertente da cidadania, 95% afirmam gostar de fazer voluntariado e consideram-no uma experiência muito importante. Quando pedido para escolherem uma definição de líder, 63% optam por “alguém que procura uma mudança positiva”.
Na dimensão dedicada à saúde, quando questionadas sobre o que podem fazer para melhorar a sua saúde, mais de 73% das inquiridas entre os 10 e os 17 anos referem o reduzir tempo em frente ao ecrã, seguida da redução do consumo de doces.
O aumento do consumo de legumes e frutas é a opção escolhida pelas raparigas entre os 6 e os 10 anos. Sobre áreas da saúde que gostariam de aprofundar, tanto as mais novas (dos 6 aos 10 anos) como as mais crescidas (entre os 17 e os 18 anos) gostavam de saber mais sobre como agir em situações de emergência.
Já entre os 10 e os 14 anos, 65% gostavam de aprender a lidar com emoções e sentimentos, enquanto entre os 14 e os 17 anos, técnicas para lidar com situações de stress é a escolha de 67% das inquiridas.
Bárbara Aranda da Silva, Presidente da AGP, considera que esta auscultação responde a dois grandes objetivos. “Fizemos este estudo no âmbito do nosso 90º aniversário. Enquanto movimento de educação de raparigas para raparigas, é nossa obrigação conhecer as suas necessidades, receios, anseios, e este estudo dá pistas muito interessantes. Mas tão ou mais importante ainda é, através das perguntas que lhes foram feitas, ajudar as raparigas a conhecerem-se, a pensarem o mundo que as rodeia e como podem ser agentes de mudança”.
No âmbito das comemorações dos seus 90 anos de Guidismo em Portugal, a AGP irá também lançar um prémio nacional que visa distinguir as ações de serviço implementadas pelas próprias raparigas nas comunidades. Também prevista está a realização de uma conferência celebrativa, a 8 de dezembro, em que será debatido o contributo da Associação Guias de Portugal para o desenvolvimento de cidadãs globais e responsáveis.