"Não é tempo de voltar a insistir nos erros do passado"
O presidente do CDS-PP considerou hoje que "não é tempo" de o partido "voltar a insistir nos erros do passado", mas de "olhar para a frente", e que o futuro se faz de novas ideias e protagonistas.
Em declarações aos jornalistas na sede do partido, em Lisboa, depois de se ter dirigido ao Conselho Nacional, que está reunido por videoconferência e à porta fechada para marcar o 29.º congresso que a direção propõe que se realize no final de novembro, Francisco Rodrigues dos Santos, que já anunciou que é recandidato à liderança, afirmou que a sua proposta "não foi nem nunca será um regresso ao passado".
"Não queremos olhar para trás, queremos olhar para a frente", indicou, considerando que "o futuro faz-se de novas ideias, de protagonistas que refresquem a direita".
Considerando que se vive um "tempo de futuro, tempo de anseio por novos rotos, protagonistas e ideias", o presidente afirmou que "a política faz-se a cores e não a preto e branco".
"Eu estou absolutamente seguro que sou a pessoa certa para continuar a atingir os objetivos, e estou certo que juntos vamos conseguir reerguer este partido apesar da herança que recebemos", salientou também, realçando que a estratégia que seguiu ao longo do mandato "deu frutos" e "permitiu ao partido crescer e afirmar-se no exercício do poder regional e autárquico".
Indicando que cumpriu o seu dever, Francisco Rodrigues dos Santos defendeu inclusivamente que "ninguém, nas mesmas condições, era capaz de fazer melhor" do que a sua direção.
Por isso, disse possuir, "no atual ciclo político nacional e no atual momento do CDS, melhores características pessoais e políticas" do que o seu opositor, o eurodeputado Nuno Melo.
"Estou empenhado em reconstruir o partido há dois anos, desde que fui eleito, não me lembrei agora num momento que é para alguns mais propício de me disponibilizar para servir o meu partido", criticou.
Dizendo ter "um rumo para o partido com pessoas e ideias", o presidente frisou que o CDS-PP "nunca será um partido de grupo".
"Agora é momento certo de prepararmos legislativas, unir o partido em torno da minha liderança para derrotar a esquerda no governo do país e permitir ao CDS ser também alternativa de governo", continuou.
Estabelecendo como um dos objetivos "entregar um partido robusto e rejuvenescido às novas gerações", Rodrigues dos Santos disse querer "contar com todos, os de antigamente, os de sempre e os que se possam vir a juntar" ao CDS para "unir o partido" e levar a que fale "a uma só voz".
Nuno Melo apresentou a sua candidatura à liderança do partido no sábado, no Porto, com cerca de centena e meia de convidados presentes, entre os quais o líder da bancada parlamentar centrista, Telmo Correia, o ex-deputado Hélder Amaral e os deputados Cecília Meireles, Pedro Morais Soares e João Almeida.
O presidente da distrital de Braga do CDS-PP e antigo vice-presidente nacional justificou que a sua candidatura é "uma obrigação e um imperativo de consciência" face à "progressiva perda de relevância" do partido, propondo-se "unir" e "chamar os que estão afastados".
Questionado sobre o apoio do líder parlamentar a Nuno Melo, Francisco Rodrigues dos Santos disse que vê "com normalidade e espírito democrático" e que "não é surpresa" para si "nem para ninguém".
Já sobre a relação entre a direção e os deputados caso seja reeleito presidente do CDS-PP no congresso, o líder antecipou que "manter-se-ão na esteira daquilo que foi o relacionamento institucional dos últimos anos".
Quanto ao facto de a disputa acontecer numa altura em que vai ser debatido no parlamento o Orçamento do Estado, Rodrigues dos Santos mostrou-se convicto que "o debate orçamental não será prejudicado por culpa da vida interna do partido", porque o CDS tem "um conjunto consolidado de propostas".
Questionado ainda sobre a crítica de Nuno Melo de que o partido "não pode coligar-se com o PSD à segunda e negociar orçamentos do Estado com o PS na quinta-feira", o presidente afirmou que o eurodeputado propõe uma "oposição destrutiva" que "não apresente soluções para o país e não dialogue", considerando que isso "é fazer um favor ao PS".
E questionou se o objetivo é ter "uma direita trauliteira e caceteira, de protesto", rejeitando que seja esse o caminho que o partido deve seguir, e desafiou o opositor a "clarificar a sua agenda".