Reitor do Santuário pede regresso dos peregrinos a Fátima com "responsabilidade e cuidado"
O reitor do Santuário de Fátima, Carlos Cabecinhas, pediu ontem aos peregrinos que regressem à Cova da Iria com "responsabilidade e cuidado", para que a nova fase de desconfinamento face à pandemia signifique uma "transição serena e progressiva".
Numa mensagem em vídeo, Carlos Cabecinhas lembrou que nestes últimos meses se percebeu "que a presença de peregrinos se estendeu ao longo do tempo, não se concentrando apenas nos dias das grandes peregrinações".
"É esta presença cuidada e exemplar que vos pedimos, agora que cabe a cada um de nós a responsabilidade de garantir uma transição serena e progressiva para a normalidade", disse, dirigindo-se aos peregrinos, na véspera da entrada em vigor das novas orientações emanadas pela Conferência Episcopal Portuguesa para as celebrações litúrgicas e ações pastorais.
A pouco mais de uma semana da peregrinação internacional aniversária de 12 e 13 de outubro, tradicionalmente uma das que mais peregrinos leva ao Santuário de Fátima em cada ano, "deixamos um convite renovado para que venham à Cova da Iria, com a mesma responsabilidade com que nos habituaram durante este tempo de pandemia, mas sem outros constrangimentos que não sejam de novo a proteção individual e a proteção ao próximo, como o uso da máscara e o distanciamento necessário", afirmou o reitor.
"Durante os dois confinamentos a que nos obrigou a situação pandémica, o Santuário de Fátima viveu descaracterizado, tantas vezes sem a presença daqueles que dão significado à missão que todos os dias aqui abraçamos: acolher os peregrinos que vêm a Fátima", disse, acrescentando que "ninguém, por certo, esquecerá o Santuário vazio durante a Peregrinação de Maio de 2020".
Carlos Cabecinhas, por outro lado, destacou o papel das novas tecnologias para que os peregrinos pudessem acompanhar, durante a pandemia, os momentos mais importantes vividos no Santuário.
"Durante estes tempos de tribulação, o Santuário procurou ser uma janela de esperança, aproveitando as novas tecnologias para se fazer presente junto dos que não podiam vir, proporcionando momentos de oração e partilha", sublinhou.
Hoje, também a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) defendeu que é tempo de, nas cerimónias religiosas ou atividades pastorais, se "ir retomando uma maior participação dos fiéis, abrandando de forma ponderada os distanciamentos e os limites impostos à lotação das igrejas".
Num documento com orientações para a nova fase de desconfinamento, que entram em vigor na sexta-feira, a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) informa que se devem manter "a higienização das mãos e uso da máscara" e que, nas missas, "para facilitar a perceção auditiva, os sacerdotes e demais ministros poderão retirar a máscara para a proclamação da Palavra, desde que haja uma distância suficiente das pessoas colocadas diante deles".
"A recolha da coleta poderá realizar-se no momento do ofertório, observando-se as devidas normas de segurança e de saúde" e "a saudação da paz, que é facultativa, continua suspensa", acrescenta o documento intitulado "Liberdade responsável no Culto e nas atividades pastorais".
Já na comunhão, "em que os comungantes têm de retirar a máscara, o ministro deve utilizá-la" e a partícula deve ser dada aos fiéis apenas na mão e não na boca.
Quanto aos restantes sacramentos, a orientação da CEP aponta no sentido de serem retomadas "as prescrições dos livros litúrgicos".
Assim, por exemplo, na confissão deve ser assegurada "suficiente distância entre o confessor e o penitente, devendo ambos usar máscara, mas sem comprometer quer o diálogo sacramental, quer o seu sigilo".
"Antes e depois dos ritos que comportem algum contacto físico com pessoas ou objetos, os ministros devem proceder à higienização das mãos. Nos velórios, a prática da aspersão supõe a mesma cautela. Se não for possível garantir esse procedimento, é preferível retirar a caldeirinha e usá-la apenas no Rito da Encomendação", lê-se no documento hoje divulgado pela Conferência Episcopal, o qual acrescenta que "as pias de água benta junto às entradas da igreja continuarão vazias".
Por outro lado, "as atividades pastorais como catequese e outras ações formativas, reuniões, ajuntamentos, iniciativas culturais e de restauração, bem como peregrinações, procissões, festas, romarias, concentrações religiosas, acampamentos e outras atividades similares, seguirão as regras previstas pelas autoridades competentes para situações educativas, sociais e culturais semelhantes", refere o documento.
A covid-19 provocou pelo menos 4.771.320 mortes em todo o mundo, entre 233,23 milhões infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
Em Portugal, desde março de 2020, morreram 17.975 pessoas e foram contabilizados 1.069.279 casos de infeção, segundo dados da Direção-Geral da Saúde.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em vários países.