Chega avisa que portugueses e circunstâncias "não são iguais a Março"
O presidente do Chega reconheceu hoje que Portugal atravessa uma "situação difícil" provocada pela covid-19, mas alertou que, embora as medidas previstas sejam semelhantes ao início da pandemia, os "portugueses e as circunstâncias não são iguais a março".
No final de uma audiência com o primeiro-ministro, António Costa, em São Bento, que está a ouvir os partidos sobre um eventual agravamento das medidas de combate à covid-19 em Portugal, André Ventura afirmou que "ficou claro" que se vive "uma situação difícil do ponto de vista epidemiológico e de saúde pública", com cerca de 10 mil novos diários.
"Está em cima da mesa um novo confinamento geral idêntico ao que foi feito em março, no início da pandemia, mas, tal como dissemos ao senhor primeiro-ministro, os portugueses e as circunstâncias é que já não são iguais a março", considerou, estimando que as novas medidas poderão entrar em vigor no dia 15, sexta-feira.
Apontando que no início do ano passado a pandemia era uma novidade e "as pessoas queriam muito rapidamente resolver o problema", Ventura realçou que "hoje é um cenário completamente diferente", pois "as medidas restritivas estão a desgastar: as pessoas estão um pouco cansadas destas medidas, há um certo alheamento face a elas".
De acordo com o deputado do Chega, o Governo "está a fazer a avaliação" sobre se o pequeno comércio irá ou não encerrar, destino que deverão ter os eventos culturais "pelo menos numa primeira fase", mas indicou que "aquele tipo de atividade que ficou aberta [no primeiro confinamento] agora mantém-se novamente aberta".
Quanto aos dentistas e clínicas, "manter-se-ão em funcionamento", acrescentou.
Na ótica de Ventura, o agravamento das medidas é justificado com "a não preparação da segunda vaga" da pandemia, a "ilusão que se criou face às campanhas de vacinação" - com a ideia de que "a vacina resolveria imediatamente o problema" - e "o atraso" na distribuição das vacinas.
O deputado único do Chega alertou também que a "pequena recuperação" iniciada pelo setor económico "pode ficar comprometida" agora.
Assim, André Ventura recusou o "encerramento total da restauração, dos cafés e, eventualmente, do pequeno comércio", criticando que estes setores poderão "pagar por focos de contágio que são de outras realidades".
"Nós pensamos ser demasiado arriscado fazer isso neste momento e face às condições financeiras de que o Estado português dispõe, sem termos a certeza ainda, sem termos todos os dados que nos possam dizer, por exemplo, que os restaurantes ou os cafés ou o pequeno comércio são focos de contágio reais", frisou, notando que estes estabelecimentos investiram em medidas de proteção para os clientes.
O parlamentar salientou igualmente que "estes já foram os setores mais afetados e podem agora ter, de facto, um sofrimento muito, muito, muito acentuado", alertando que poderá estar em cima da mesa o fecho de empresas e o aumento do desemprego.
Para contrariar o impacto das novas medidas, André Ventura pediu ao Governo que os apoios "sejam menos burocratizados", e que o acesso por parte das empresas e das famílias possa ser "mais rápido e mais fácil", uma vez que vão "precisar desesperadamente de apoios rápidos, urgentes e de liquidez imediata".
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.914.057 mortos resultantes de mais de 88 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 7.472 pessoas dos 456.533 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
O estado de emergência decretado em 09 de novembro para combater a pandemia foi renovado com efeitos desde as 00:00 de 08 de janeiro, até dia 15.