Nicolás Maduro é "humilde" e trabalha para uma Venezuela "melhor"
Alex Saab em entrevista escrita à Lusa
O colombiano Alex Saab, detido em Cabo Verde, afirmou, em entrevista escrita à Lusa, que não guarda "segredos" do Presidente Nicolás Maduro, que descreve como uma pessoa "humilde" que "trabalha incansavelmente" para a Venezuela.
Questionado pela Lusa sobre as alegações norte-americanas para a sua detenção e pedido de extradição a Cabo Verde, devido à possibilidade de "guardar os segredos" do regime e da liderança de Nicolás Maduro na Venezuela, Alex Saab negou essa versão.
"O Presidente Maduro não precisa de um testa-de-ferro. É uma pessoa muito humilde que trabalha incansavelmente para que o seu país seja melhor, apesar do bloqueio desumano que enfrenta dos Estados Unidos", apontou.
"E porque não pergunta quantos segredos de Donald Trump são guardados por Rudi Giuliani? Ou por Paul Manafort? Eles não são 'testas-de-ferro' para Trump", questionou ainda Alex Saab, empresário colombiano que tem atuado como "enviado especial" do Governo da Venezuela, com imunidade diplomática, até ser detido em Cabo Verde, em junho passado, a pedido dos Estados Unidos da América (EUA).
"Tenho a honra de ter sido nomeado 'enviado especial' da República Bolivariana da Venezuela em abril de 2018, quando fui incumbido de adquirir os alimentos e medicamentos básicos necessários para atender às necessidades do povo venezuelano. Estou ainda mais orgulhoso pelo facto de o meu trabalho ter sido reconhecido pelo Presidente Maduro e pelos seus colegas e por ele me ter agora [em dezembro passado] nomeado representante permanente substituto junto da União Africana. O meu novo mandato consiste em realizar importantes trabalhos para desenvolver as relações entre a República Bolivariana e o continente africano em matéria de energia, desenvolvimento sustentável e segurança alimentar", explicou.
Justificou esta missão - com viagens a vários países, como ao Irão, de onde regressava quando foi detido em Cabo Verde - com o "bloqueio económico" à Venezuela, "liderado pelos EUA" e que "tem causado grandes dificuldades ao povo venezuelano, especificamente a escassez de alimentos e medicamentos básicos".
Alex Saab, de 49 anos, foi detido em 12 de junho pela Interpol e pelas autoridades cabo-verdianas, durante uma escala técnica no Aeroporto Internacional Amílcar Cabral, na ilha do Sal, com base num mandado de captura internacional emitido pelos EUA, quando regressava de uma viagem ao Irão.
O Governo da Venezuela afirmou que Saab viajava com passaporte diplomático daquele país, enquanto "enviado especial", pelo que não podia ter sido detido, e continua a exigir a sua libertação.
Entretanto, a equipa internacional de defesa de Alex Saab, liderada pelo antigo juiz espanhol Baltasar Garçón, tem até 09 de janeiro para apresentar o anunciado recurso para o Supremo Tribunal de Justiça da decisão de 04 de janeiro, do Tribunal da Relação do Barlavento, favorável à extradição de Alex Saab para os EUA.
Neste processo, os EUA, que pedem a extradição do colombiano, acusam Alex Saab de ter branqueado 350 milhões de dólares (295 milhões de euros) para pagar atos de corrupção do Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, através do sistema financeiro norte-americano.