Exportações têxteis e de vestuário mantêm quebra e recuam 6,8% em Novembro
As exportações portuguesas de têxteis e vestuário continuaram a cair em novembro de 2020, recuando 6,8% em termos homólogos para um valor mensal de 404,3 milhões de euros, informou hoje a Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP).
Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) tratados num comunicado da ATP, os 404,3 milhões de euros exportados em novembro ficam 29,3 milhões de euros abaixo das vendas do mesmo mês de 2019, mantendo-se praticamente em linha com a quebra homóloga de 7,0% verificada em outubro.
Em termos acumulados, de janeiro a novembro, o setor têxtil e vestuário exportou 4.286 mil milhões de euros, menos 11,6% do que no mesmo período de 2019.
Já as importações de têxteis e vestuário registaram uma quebra de cerca de 16% em novembro e acumulam, nos primeiros 11 meses do ano, um valor de 3,5 milhões de euros (-15%).
No mês de novembro de 2020, as exportações de vestuário foram as mais prejudicadas, com uma quebra de 14,4%, tendo as exportações de matérias-primas caído 1,4%.
Em sentido inverso, as exportações de têxteis confecionados (onde se incluem as máscaras) e têxtil-lar assinalaram uma subida de cerca de 14%.
Neste segmento, a ATP destaca o desempenho registado por duas categorias de produtos: Os artefactos têxteis confecionados, onde estão incluídos os moldes para vestuário, nomeadamente as máscaras têxteis, que mantiveram o forte crescimento dos últimos meses, aumentando 207% (equivalentes a um acréscimo de 7,4 milhões de euros); e as roupas de cama, mesa, toucador ou cozinha, com um crescimento de 7% (acréscimo de 3,5 milhões de euros).
Também realçadas pela associação são exportações de pastas, feltros e artigos de cordoaria, que aumentaram 12% (acréscimo de dois milhões de euros), e as de tecidos impregnados, revestidos, recobertos ou estratificados, que cresceram 13% (mais três milhões de euros).
Analisando a evolução dos vários países de destino das exportações portuguesas do setor, a ATP reporta que os "melhores desempenhos em termos de crescimento absoluto" em novembro foram no Reino Unido (+10%, equivalentes a mais 3,4 milhões de euros;), nos Estados Unidos (+10,5%, equivalentes a mais três milhões de euros;) e na República Checa (+43% ou 1,6 milhões de euros).
Inversamente, Espanha continuou a liderar a tabela dos países que mais caem, com um recuo de 23% (menos 30 milhões de euros) em novembro, seguida da Itália (-16%, equivalentes a menos 5,4 milhões de euros) e França (-5% ou três milhões de euros).
Também em comunicado, a Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e Confeção (ANIVEC/APIV) precisa que a redução de 14,4% das exportações do segmento de vestuário em novembro, acima dos -11,9% em setembro e dos -12,1% em outubro, agravou a quebra homóloga acumulada do setor.
Nos primeiros 11 meses do ano, o vestuário perdeu um total de 507 milhões de euros (-17,5%) em exportações, ficando-se pelos 2,39 mil milhões de euros (contra 2,9 mil milhões no período homólogo de 2019).
"Entre os 10 principais mercados, apenas a Dinamarca registou uma evolução positiva, com mais 6,2%", refere a associação.
Espanha, o principal mercado das exportações portuguesas de vestuário, acumula uma descida de 29,9% desde janeiro, equivalente a menos 345 milhões de euros, tendo-se as quebras também agravado em França (-6,7%) e em Itália (-9%).
Citado no comunicado, o presidente da ANIVEC admite que "a queda era já esperada, face ao agravamento da pandemia na Europa, que continua a ser o grande mercado da indústria portuguesa de vestuário".
"Os números de infetados continuam a subir, os governos estão a tomar medidas mais rigorosas em relação às deslocações das pessoas e ao comércio e é provável que este início de ano seja igualmente difícil para a atividade desta indústria. É, por isso, fundamental continuar a apoiar estas empresas, sob risco de vermos desaparecer parte importante deste sector que representa cerca de 90 mil postos de trabalho", sustenta César Araújo.