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Os madeirenses que responderam tão bem em Março são os mesmos de Janeiro
A vacina chegou, o fim do medo talvez, mas o da pandemia garantidamente não: ontem, 1 em cada 1.000 portugueses testou positivo para a COVID-19. Dos mais de 10.000 portugueses que testaram positivo, 1.000 poderão ser internados e mais de 100 poderão morrer. São números assustadores, que impressionam e que nos entram pelos olhos, pela cabeça e, em alguns casos, pela casa dentro. Um ano de pandemia é muito tempo; dois, para a nossa vida colectiva e para o nosso bem-estar individual, será tempo demais - mas é essa a realidade que enfrentamos. Ao longo dos últimos dias, a situação no país agravou-se e a da Região também - e sendo mais grave, muito mais grave hoje do que era há uns meses, é preciso que actuemos melhor, não pior.
Há muita coisa que mudou desde o início da pandemia: conhecemos melhor o vírus, sabemos o que devemos ou não fazer, adaptámos as nossas vidas ao risco e os nossos serviços de saúde estão mais preparados. O que não mudou foram as consequências para a saúde dos mais vulneráveis, nomeadamente os mais idosos, de um vírus que, em muitos casos, continua a ser fatal. É com esses que a nossa responsabilidade aumentou, não diminuiu: porque não podemos abandoná-los, nem tão-pouco desprotegê-los como consequência das nossas acções, ou inacções.
Dezembro teve a Festa, ainda que condicionada, mas teve também o agravamento da pandemia - que não é culpa dos estudantes, jovens que precisam do conforto dos seus, nem dos emigrantes, madeirenses como todos nós, nem sequer dos turistas, de quem precisamos, nem de um ou outro concelho, pois se há coisa que este vírus já mostrou é que não conhece fronteiras e, mais tarde ou mais cedo, chega mesmo a todo o lado. A culpa é do vírus e a responsabilidade é nossa: colectiva, depositada na liderança dos Governos, que devem manter processos de decisão incisivos e comunicação clara; e individual, através dos comportamentos que devemos adoptar.
Ainda a Festa ia a meio e da Madeira chegou um sinal de alerta para todo o país: no dia em que Portugal arrancou com a campanha de vacinação, que concretiza a nossa esperança colectiva num horizonte, ainda distante, sem pandemia, confirmou-se que a estirpe do vírus identificada no Reino Unido chegou à Região e os números dos dias seguintes confirmaram o agravamento da situação. Nesse momento, ficou claro que a atitude ponderada mas diligente, sensata mas exigente, reflexiva mas interventiva, do Presidente da Câmara Municipal do Funchal, Miguel Silva Gouveia, foi a necessária para despoletar um conjunto de iniciativas que resultaram nas medidas adicionais anunciadas para toda a Região. Neste início de ano exigente e desafiante, ninguém poderá esquecer-se que só sairemos disto juntos, mas que isso não significa demitir-se de contribuir para melhorar caminhos.
De todos os acontecimentos difíceis, ficam sempre lições - e assim como os temporais voltam sempre para nos recordarem que a força da Natureza só se trava com rigor no planeamento e na prevenção, a pandemia recorda-nos a importância do investimento constante na saúde e da resiliência de todos. Os madeirenses foram exemplares na forma como, no início da pandemia, seguiram as recomendações das autoridades de saúde. Não foram necessárias metralhadoras, assim como não será nenhum estado policial sucessivamente agravado que nos salvará. A consciência individual não se substitui por decretos, nem o combate à pandemia se concretiza com reforços de poderes securitários. Regressemos ao essencial: ao apelo à consciência individual, à acção colectiva e à responsabilização de todos e de cada um. Os madeirenses que responderam tão bem em Março são os mesmos de Janeiro e só precisam que lhes expliquemos as coisas como elas verdadeiramente são: graves e a precisarem de toda a nossa atenção, em vez de manobras de distracção ou de regras contornadas pela excepção de alguns. Recuperemos o foco, para o bem de todos nós, de todos os nossos e da nossa terra: o que não se fez antes e o que não se fizer agora, pagar-se-á em dobro depois. Cada dia que passar sem medidas necessárias, será mais um que virá de casos, internamentos e mortes desnecessárias.
Para que 2021 seja um ano de esperança e confiança, terá de ser também de resiliência e muita responsabilidade. É isso que o momento exige. O combate à pandemia continua, pelas nossas mãos. Vamos a isto!