António Costa diz que Trump é passado e apela a transição ordenada
O primeiro-ministro português, António Costa, considerou hoje que Donald Trump "é passado" na liderança dos Estados Unidos, apelando a uma transição "ordenada, tranquila e normal" do poder para Joe Biden, depois dos "inaceitáveis" confrontos no Capitólio.
Falando num encontro digital com correspondentes europeus em Bruxelas, um dia depois dos violentos protestos em Washington e da invasão do Capitólio, o chefe de Governo português condenou os distúrbios, assinalando que "Trump é já passado, os americanos seguiram em frente".
"O que aconteceu nos Estados Unidos é inaceitável", acrescentou António Costa, recusando-se também a aceitar "qualquer transição que não se processe de forma ordenada, tranquila e normal, como deve acontecer em qualquer democracia".
Nesta sessão 'online' para marcar o arranque da presidência portuguesa da União Europeia (UE), e instado a comentar os últimos desenvolvimentos em Washington, o primeiro-ministro insistiu que "a transição do poder deve ser respeitada".
"E esperamos todos que a nova presidência de Biden, que se inicia a 20 de janeiro, represente uma nova oportunidade para criar um novo clima nas relações transatlântica", nomeadamente nas áreas do multilateralismo e do clima, apontou o governante.
No encontro com jornalistas europeus, António Costa admitiu que as "divisões profundas" nos Estados Unidos "são normais em países democráticos" e "também existem na Europa".
"Também tivemos situações em que houve um grande debate sobre os resultados das eleições. Isto não é um problema para uma democracia, mas mostra a sua vitalidade. O problema aqui é que o resultado de uma eleição democrática deve ser aceite e não questionado", sublinhou.
Apoiantes do Presidente cessante dos EUA, Donald Trump, entraram em confronto com as autoridades e invadiram o Capitólio, em Washington, na quarta-feira, enquanto os membros do congresso estavam reunidos para formalizar a vitória do Presidente eleito, Joe Biden, nas eleições de novembro.
Pelo menos quatro pessoas morreram nesses confrontos, anunciou a polícia, que deu conta de que tanto as forças de segurança, como os apoiantes de Trump utilizaram substâncias químicas durante a ocupação do edifício.
Já hoje o Congresso dos Estados Unidos ratificou a vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais de novembro, na última etapa antes de ser empossado em 20 de janeiro.
O Presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que os violentos protestos foram "um ataque sem precedentes à democracia" do país e instou Donald Trump a pôr fim à violência.
Pouco depois, Trump pediu aos seus apoiantes e manifestantes que invadiram o Capitólio para irem "para casa pacificamente", mas repetindo a mensagem de que as eleições presidenciais foram fraudulentas.
A rede social Facebook suspendeu temporariamente, tal como já tinha feito o Twitter, a conta de Donald Trump, na sequência da violência no Capitólio.
O governo português condenou os incidentes, à semelhança da Comissão Europeia, do secretário-geral da NATO e dos governos de vários outros países.