China traça paralelo entre caos no Capitólio e protestos em Hong Kong
A China traçou hoje um paralelo entre a situação de violência em Washington e os protestos pró-democracia em Hong Kong e disse esperar um "regresso à ordem" nos Estados Unidos, após as cenas de caos no Capitólio.
A antiga colónia britânica foi abalada, em 2019, por protestos contra a crescente interferência de Pequim nos assuntos da cidade. Os protestos ficaram marcados por cenas de violência entre manifestantes e a polícia e pela invasão do conselho legislativo de Hong Kong.
Solicitada a responder sobre a invasão do Capitólio por partidários pró-Trump e ao caos que se seguiu, na quarta-feira, a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Hua Chunying, disse que o cenário "assemelha-se" aos acontecimentos em Hong Kong.
No entanto, desta vez, "a reação de algumas pessoas nos Estados Unidos, incluindo alguns meios de comunicação, é completamente diferente", observou Hua.
"Na época, quando descreveram os violentos manifestantes em Hong Kong, que palavras usaram? [...] 'um belo espetáculo'", criticou a porta-voz.
Na rede social Twitter, que está bloqueada na China, o jornal oficial Global Times usou o mesmo argumento, com fotos lado a lado do Capitólio e do Conselho Legislativo de Hong Kong.
O jornal em inglês observou que os manifestantes em Hong Kong foram descritos como "heróis", por Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos.
"Resta saber se ela dirá o mesmo sobre a situação no Capitólio", ironizou o jornal.
Em editorial, o Global Times ataca regularmente a democracia ao "estilo ocidental", para defender o "modelo" autoritário chinês como sendo mais eficaz.
O tema foi amplamente comentado na Internet chinesa e teve mais de 570 milhões de visualizações na plataforma Weibo, o equivalente ao Twitter na China.
"O que aconteceu no [parlamento local] em Hong Kong está a repetir-se no Capitólio dos Estados Unidos", comentou um internauta.
Ao apoiar manifestantes pró-democracia em Hong Kong e condenar os de Washington, os "líderes dos países ocidentais mostraram dois pesos e duas medidas", escreveu outro.
Apoiantes do Presidente cessante dos EUA, Donald Trump, entraram em confronto com as autoridades e invadiram o Capitólio, em Washington, na quarta-feira, enquanto os membros do congresso estavam reunidos para formalizar a vitória do Presidente eleito, Joe Biden, nas eleições de novembro.
Pelo menos quatro pessoas morreram na invasão do Capitólio, anunciou a polícia, que deu conta de que tanto as forças de segurança, como os apoiantes de Trump utilizaram substâncias químicas durante a ocupação do edifício.
Já hoje o Congresso dos Estados Unidos ratificou a vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais de novembro, na última etapa antes de ser empossado em 20 de janeiro.