Venezuela regista 3.713% de inflação acumulada em 12 meses
A Venezuela registou 3.713% na inflação acumulada nos 12 meses de 2020, comparativamente a igual período do ano anterior, indicou o Observatório Venezuelano de Finanças (OVF), criado pela oposição.
Os dados relativos ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) foram divulgados durante uma conferência de imprensa virtual, pelo deputado e economista José Guerra, da Comissão de Finanças, do parlamento opositor.
"Continuamos em hiperinflação. Os venezuelanos têm baixos rendimentos em relação [ao custo do] cabaz alimentar", disse.
Segundo o economista, "o Banco Central da Venezuela (BCV) emite dinheiro em massa e os preços sobem mais do que aumenta a quantidade de dinheiro", um fator típico das inflações.
"Outro fator que está ocorrendo é o atraso cambial em que o bolívar [moeda venezuelana] não se deprecia ao ritmo da inflação, de modo que rendem menos para comprar bens em dólares", disse José Guerra, precisando que o cabaz alimentar básico é atualmente de 250 dólares norte-americanos (203 euros), e "o salário mínimo cobre apenas 0,88% do cabaz".
Por outro lado, para tentar estabilizar a taxa de câmbio, o BCV vende dólares em 'cash' aos bancos, mas ao mesmo tempo emite bolívares, "criando, assim, um mecanismo instável que não leva a lado nenhum".
"Os níveis de inflação em 2021, vão depender da capacidade do BCV de estabilizar o câmbio", precisou.
José Guerra explicou que as receitas fiscais não petrolíferas caíram devido à contração da economia e "a cobrança de impostos petrolíferos desapareceu, porque o custo de produção de um barril (de petróleo) mais o pagamento de royalties, frete e seguro, quase igualam o preço de venda".
Por outro lado, 30% dos depósitos bancários venezuelanos são efetuados em dólares, mas estes "não chegam aos salários, porque não há como pagá-los", acrescentou.
O economista considerou inevitável uma nova reconversão monetária na Venezuela, que elimine seis zeros, e disse que o abastecimento de gasolina no país vai continuar a ser intermitente, mesmo tendo havido uma crescente utilização do dólar nos pagamentos, uma vez que o combustível a preços subsidiados se esgota rapidamente.