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Pandemia acelera mudança dos media para digital e cria novos fluxos de receita

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A pandemia acelerou a mudança para o digital e incentivou os 'publishers' a reformular as suas redações e a criar novos fluxos de receita, segundo um estudo da Reuters Institute for the Study of Journalism hoje divulgado.

Estas são algumas das conclusões do relatório anual "Journalism, Media and Technology Trends and Predictions 2021" sobre as tendências e previsões para 2021 do jornalismo, media e tecnologia, da autoria de Nic Newman, assente num questionário a 234 presidentes executivos, editores e líderes digitais de 43 países.

Mais de três quartos (76%) dos inquiridos considera que a covid-19 "acelerou os planos para a transição digital, em termos de produção editorial, fluxo de trabalho e de mudança do modelo de negócio", refere o relatório.

Os principais 'publishers' "começam 2021 com planos para acelerar ainda mais a transição digital" e muitos "pretendem avançar com redações distribuídas e trabalho remoto, aumento da produção de 'fact checking' [verificação de factos] e de formatos explicativos" e fazer uma "mudança mais rápida para os modelos de negócio focados no leitor" e "aumento da velocidade de inovação".

Outra das tendências são redações distribuídas e um maior uso de ferramentas colaborativas.

Muitas empresas de media "descobriram que era possível criar jornais, 'websites' e até programas de rádio e televisão em quartos, salas e cozinhas" e este ano os 'publishers' "estão a procurar um sustentável modelo híbrido para as suas redações", prossegue o estudo.

"Muitos estarão a reduzir a ocupação de escritório, mas alguns temem que o trabalho remoto tenha tornado mais difícil manter as reações e comunicar de forma eficaz com a equipa", salienta o estudo.

A maioria (73%) afirma "estar confiante sobre as perspetivas da sua empresa" para este ano, com cerca de metade (53%) a manifestar-se confiante "sobre o futuro do jornalismo".

De acordo com o relatório, os 'publishers' "planeiam apostar em factos e especialização".

Apesar da perspetiva económica complexa, resultante do impacto da pandemia, a confiança nas empresas "permanece surpreendentemente forte (73%), enquanto a confiança no jornalismo de forma mais ampla aumentou ligeiramente de 46% para 53%", quando comparada com o estudo do ano passado, refere.

"A maioria dos líderes de media consideram que as informações não confiáveis sobre o coronavírus e outras questões ajudaram a fortalecer a posição do jornalismo (68%) em vez de enfraquecê-lo (22%)", acrescenta o estudo.

As preocupações manifestadas no estudo estão relacionadas com a desinformação, ataques a jornalistas e sustentabilidade financeira das publicações locais.

Apesar da crescente polarização e divisão social e muitos países, 88% dos entrevistados afirmam que "a imparcialidade jornalística continua maior que nunca". No entanto, quase metade (48%) considera que há algumas matérias "que não faz sentido ser neutro", lê-se no documento.

Já questionados sobre novas tecnologias, 69% considera que a inteligência artificial (IA) "terá um grande impacto no jornalismo nos próximos cinco anos, acima do 5G (18%) e novos dispositivos (9%).

No entanto, muitos consideram que a IA irá beneficiar os grandes 'publishers' e deixar outros de fora.

O estudo contou com 234 pessoas da Alemanha, Áustria, Austrália, Brasil, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, França, Holanda, Itália, Índia, Noruega, Suécia e Reino Unido, entre outros, e foi realizado em dezembro.

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