Após quase quatro horas de caos o Capitólio está em segurança
As forças de segurança norte-americanas garantiram hoje a segurança no Capitólio ao fim de quatro horas de distúrbios e confrontos provocados por apoiantes de Donald Trump, situação que provou um ferido.
Os apoiantes do Presidente cessante dos EUA, Donald Trump, dirigiram-se para o Capitólio e entraram em confronto com as autoridades enquanto os membros do congresso estavam reunidos para formalizar a vitória do Presidente eleito, Joe Biden, nas eleições de novembro.
A sessão de ratificação dos votos das eleições presidenciais dos EUA teve de ser interrompida devido aos distúrbios provocados pelos manifestantes pró-Trump.
As autoridades de Washington D. C. (distrito da capital) já decretaram o recolher obrigatório entre as 18:00 e as 06:00 locais (entre as 23:00 e as 11:00 em Lisboa), que acabou de entrar em vigor.
Pelo menos uma pessoa foi ferida por uma bala e a polícia teve de usar armas de fogo para proteger congressistas.
O Presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que os violentos protestos ocorridos no Capitólio foram "um ataque sem precedentes à democracia" no país e instou Donald Trump a pôr fim à violência.
"Trata-se de um ataque àquilo que é mais sagrado para os norte-americanos. Ser americano é ter honra e tolerância", vincou Biden, que exigiu também a Trump que fizesse imediatamente um discurso televisionado para pedir aos seus apoiantes que cessem os atos de violência.
Pouco depois, Trump pediu aos seus apoiantes e manifestantes que invadiram o Capitólio para irem "para casa pacificamente", mas continuando a insistir na mensagem de que as eleições presidenciais de 03 de novembro de 2020 foram fraudulentas.
"Eu sei o que estão a sentir. Mas este é o momento de irem para casa. E irem pacificamente", disse Trump, num vídeo divulgado na sua conta pessoal da rede social Twitter.
Para enfrentar os protestos, e respondendo ao pedido da presidente da câmara de Washington, Muriel Bowser, o governador do estado da Virgínia, o democrata Ralph Northam, anunciou o envio de membros da unidade estadual da Guarda Nacional, assim como 200 membros da polícia da sua unidade administrativa.
Northam recorreu também à rede social Twitter para anunciar que estava "a trabalhar de perto" com Bowser, com a presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, e com o senador Chuck Schumer para "responder à situação" na capital norte-americana.
Entretanto, vários membros do Congresso norte-americano denunciaram hoje uma tentativa de "golpe de Estado" por apoiantes de Trump.
"Estamos a assistir a uma tentativa de golpe de Estado encorajada pelo criminoso da Casa Branca. Está condenado ao fracasso", escreveu o representante democrata William Pascrell na plataforma Twitter, referindo-se a Trump.
Pelo menos um engenho explosivo foi encontrado perto do Capitólio, com as autoridades a indicar que não constituiu um risco para a segurança do edifício, embora a sua presença tenha desencadeado um forte dispositivo de segurança no seu perímetro.
O chefe da polícia de Washington, Robert Contee, disse ainda que alguns manifestantes usaram "químicos" contra os agentes de segurança destacados para garantir a segurança dos congressistas, que tiveram de interromper os trabalhos que decorriam de contagem de votos do Colégio Eleitoral, para validar a vitória do democrata Joe Biden.
Durante os distúrbios, além de um civil que foi baleado dentro do edifício do Capitólio, foram detidas 13 pessoas por terem invadido espaço que lhes estava vedado.
A polícia metropolitana foi enviada para o Capitólio e os serviços de segurança do Congresso foram auxiliados por agentes estaduais enviados de Maryland, Virgínia e New Jersey, bem como pela Guarda Nacional e por agentes dos serviços secretos.
Também o grupo Business Roundtable, que representa as maiores empresas norte-americanas, pediu a Trump que interviesse para pôr fim aos confrontos no Capitólio, salientando que o caos na capital da nação é "a consequência de esforços ilegais para mudar os resultados legítimos de uma eleição democrática".
A nível internacional, a União Europeia (UE), NATO e França já reagiram aos acontecimentos em Washington.
O chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, condenou o "cerco à democracia norte-americana" com violentos protestos e invasão do Capitólio, vincando que os resultados das eleições presidenciais "devem ser plenamente respeitados".
"Aos olhos do mundo, a democracia norte-americana aparece hoje à noite sob cerco. Este é um ataque invisível à democracia norte-americana, às suas instituições e ao Estado de direito", reagiu Josep Borrell, numa publicação na sua conta oficial do Twitter.
A NATO, pela voz do secretário-geral, Jens Stoltenberg, considerou "chocantes" as imagens da invasão do Capitólio e apelou ao respeito pelos resultados eleitorais.
"Cenas chocantes em Washington. O resultado desta eleição democrática deve ser respeitado", escreveu o dirigente da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) na sua conta na rede social Twitter.
Em Paris, o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Yves Le Drian, condenou as manifestações e a invasão por apoiantes de Trump do Capitólio, considerando que constituem um "grave atentado contra a democracia".