Madeira

Negligências

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Boa noite.

Num espaço de dias os exemplares deram lugar aos negligentes. Isto porque Miguel Albuquerque deu uma volta à ilha e viu “situações perfeitamente absurdas de pessoas a tomar copos em bares, uns em cima dos outros”.

Não precisava de ir tão longe. À porta da Quinta Vigia, por culpa do Presidente do Governo, os jornalistas foram obrigados a andar ao molhe para obter declarações. E não havia copos. E na vizinhança, na noite de passagem de ano, houve pelo menos três festas em que o distanciamento social ficou aquém do desejado porque o povo superior distraiu-se com o fogo.

Num espaço curto de tempo o Presidente do Governo Regional dá o dito pelo não dito e passa da hipótese de fazer testes rápidos aos estudantes à sentença que “não tem nenhum sentido” defender a testagem massiva dos alunos.

Como seria de esperar muitos encarregados de educação e professores estão possessos com as hesitações presidenciais.

E como não há duas sem três, o tempo passa e a estigmatização de universitários e emigrantes continua. Atribuir-lhes grande parte da culpa pelo aumento exponencial do número de infecções registadas na Madeira nos últimos dias é no mínimo intrigante, a menos que esteja sustentada em dados objectivos que até agora as autoridades de saúde não revelaram. Mas se está, mostrem.

Quanto às críticas aos que passam a vida nas redes sociais a escarnecer dos profissionais de saúde, Miguel Albuquerque tem toda a razão. O cinismo e o discurso de ódio são os novos vírus, por sinal, gerados no mesmo laboratório onde foram produzidos os perfis falsos usados para fins políticos em tempo de campanha para as Regionais. Negligências que quando não resolvidas a tempo alimentam monstros, tão execráveis como os que ultimamente nos tiram a vida e os sonhos.

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