Turismo País

Confederação de Turismo prevê quebras de 70% no sector

Segundo a previsão da CTP, as dormidas registam quebra entre 65 a 70% e o saldo da balança turística deverá situar-se nos 6 mil milhões de euros, menos 62% do que em 2019

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A Confederação do Turismo de Portugal (CTP) estima que em 2020 as receitas turísticas se situem nos 8 mil milhões de euros, o que representa um decréscimo de 57%, valor que resulta do ano atípico que fica marcado pela pandemia de covid-19. Valores que são muito semelhantes em todas as regiões de turismo, salientando-se que na Madeira os valores deverão rondar as mesmas percentagens ou ainda mais altas, tendo em conta os números de um ano caótico.

Refira-se que os dados mais recentes dão conta que de "Janeiro a Outubro de 2020, as dormidas no total do alojamento turístico na Região registaram um decréscimo de 65,5% comparativamente ao período homólogo, rondando os 2,4 milhões, enquanto os proveitos totais e de aposento apresentaram quebras de 67,7% e 67,9%, respetivamente", dizia a Direcção Regional de Estatística a 17 de Dezembro passado. No penúltimo dia do ano, nas estimativas rápidas, a DREM apontava a um agravamento das dormidas em Novembro (-73,7%), o que deverá ter-se repetido em Dezembro. Os proveitos estarão na mesma proporção de perdas.

Voltando às perspectivas da CTP, "as receitas do transporte aéreo de passageiros (Indicador do Banco de Portugal) deverão registar uma quebra na ordem dos 60%, atingindo cerca de 2 milhões euros", prevendo-se assim "um impacto negativo de cerca de 10 mil milhões de euros no saldo das contas externas do País colocando em causa o seu equilíbrio obtido nos últimos anos com a contribuição decisiva do Turismo", teme.

Já no que respeita "ao saldo da balança turística, este deve situar-se nos 6 mil milhões de euros, menos 62% do que em 2019", acredita.

“Apesar do processo de vacinação, já em curso em Portugal e nos principais mercados emissores da União Europeia, Reino Unido e Estados Unidos entre outros, e da imunidade dos já infetados, vamos ter de viver com o vírus ainda em 2021, pelo menos. Importa assim criar condições para acelerar o início da retoma do Turismo e da Economia através do estabelecimento de padrões internacionais comuns para as viagens que em conjunto com as medidas sanitárias nos destinos devolvam a confiança aos turistas” adianta Francisco Calheiros, presidente da CTP.

  “É crucial manter a oferta turística para poder captar a maior quota possível da retoma do Turismo Internacional. Acreditamos que o destino Portugal mantém toda a sua capacidade de atracção e que poderá inclusive ser beneficiado em termos de preferência dos turistas no contexto dessa retoma.”  Francisco Calheiros, presidente da CTP.

Dormidas com quebra de 65 a 70 %

A CTP ainda estima uma quebra de dormidas (segundo o Indicador INE – dormidas na Hotelaria, Alojamento local [+10 camas], Turismo no Espaço Rural e Turismo Habitação) na ordem dos 65% a 70% em 2020, com os proveitos totais da Hotelaria, Alojamento Local, Turismo no Espaço Rural e Turismo Habitação a registarem uma quebra na ordem dos 3 mil milhões de euros".

No caso da Madeira, até Outubro perderam-se mais de 4,6 milhões de dormidas e os proveitos totais perdidos ascendiam a quase 240 milhões de euros.

No país, "o movimento de passageiros nos aeroportos nacionais sofrerá uma quebra idêntica em termos de percentagem e no que respeita aos passageiros de cruzeiros marítimos as quebras serão superiores a 80%", valores que na Madeira eram de -61,7% no primeiro semestre de 2020 nos aeroportos regionais e de -89,4% nas escalas de cruzeiros.

"A actividade do rent-a-car ligeiros de passageiros deverá também diminuir entre 65% a 70%, sendo que na componente turística a quebra será na ordem dos 80%", valores que para a Madeira não há qualquer dado disponível.

"Recorde-se que o turismo foi o motor da recuperação económica de Portugal no período pós resgate financeiro de Portugal em 2011 e o impacto nas exportações foi decisivo para o superavit das contas externas até 2019. Em 2020 o turismo, na expectativa de mais um ano de crescimento em resultado da afirmação do destino Portugal nos mercados mundiais, é confrontado com o impacto da pandemia covid-19", argumenta a CTP.

"De um cenário inicial de uma crise de três meses com retoma da atividade a partir do princípio do Verão, passou-se à realidade de uma crise que dura há mais de 9 meses e que está longe de chegar ao fim", lamenta.

Por isso, a "CTP assumiu desde a primeira hora ser parte da solução, é esse o seu espírito e determinação, e tem vindo a dialogar com os seus associados e com o Governo no sentido de contribuir para encontrar soluções para fazer face às adversidades com que o Turismo tem sido confrontado", assegura numa nota de imprensa divulgada esta manhã.

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