Macron apela ao Reino Unido que clarifique relação que quer ter com a UE
O presidente francês, Emmanuel Macron, defendeu que o Reino Unido pós-brexit deve clarificar a relação que quer ter com a União Europeia, insistindo num "destino comum" que une Londres e os restantes europeus.
"Que política é que [a Grã-Bretanha] quer escolher? Não pode ser o melhor aliado dos Estados Unidos, o melhor aliado da União Europeia e a nova Singapura [...]. Por isso, é preciso que escolha um modelo", sustentou o chefe de Estado francês num encontro, na passada sexta-feira, com uma dezena de correspondentes de jornais estrangeiros.
No seu discurso, cedido à AFP pelo Palácio do Eliseu, Macron afirmou que se o Reino Unido "decidir ter uma política totalmente transatlântica, haverá momentos de clarificação muito, muito fortes, porque em regra divergirá. E portanto, os acessos aos mercados serão diferentes".
"Se decidir ser a nova Singapura [...] não sei dizer, não sou eu que dirijo os destinos daquele país", continuou, acrescentando: "O meu desejo é que tenhamos relações pacíficas, construtivas, porque acredito muito profundamente que temos um destino comum, que os nossos intelectuais estão ligados, que pensamos juntos o mundo, com as nossas diferenças, mas que os nossos investigadores têm um destino comum e que os nossos industriais trabalham juntos".
"Eu acredito na soberania continental, acredito nos Estados nação, não acredito no neonacionalismo", disse ainda Emmanuel Macron, reiterando que, do seu ponto de vista, o 'brexit' foi "um erro" referendado "com base em muitas falsidades" e considerando que, "tornará as coisas muito mais difíceis para muita gente".
Ainda assim, segundo o Presidente, britânicos, franceses e outros europeus conservam "um destino comum, porque a história e a geografia não mudam": "Portanto, não penso, de todo, que os britânicos possam ter um destino diferente", afirmou, desejando "uma ambição comum".
"Espero que Boris Johnson e aqueles que o acompanham sigam este caminho e acredito profundamente que o povo britânico está neste caminho", concluiu.