CEO da Apple critica redes sociais por algoritmo que espia os utilizadores
O diretor executivo da Apple, Tim Cook, criticou quinta-feira o algoritmo utilizado pelas empresas que operam no ramo das redes sociais, assim como a venda de anúncios cuja lógica assenta na localização dos utilizadores destas plataformas.
"Há muitas pessoas que ainda questionam: 'Quão longe posso ir e continuar a safar-me?'. Deveriam estar a perguntar: 'Quais são as consequências?'. Quais são as consequências de não só tolerar, como também premiar conteúdo que minimiza a confiança pública em vacinas que salvam vidas? Quais são as consequências de ver milhares de pessoas a integrarem grupos extremistas e perpetuar um algoritmo que recomenda mais [grupos semelhantes]", questionou Tim Cook.
O responsável da fabricante do iPhone discursava na Conferência Internacional de Computadores, Privacidade e Proteção de dados, que este ano ocorreu virtualmente por causa da pandemia.
Cook acrescentou que é necessário "parar de fingir que esta abordagem" utilizada pelas redes sociais - assente na exploração de um algoritmo que interpreta o que os utilizados consomem e recomenda grupos e páginas de conteúdo semelhante - "não acarreta um custo de polarização, perda de confiança" e também "de violência".
O diretor executivo da Apple criticou as redes sociais que pouco têm feito para impedir a disseminação de teorias da conspiração, de discurso de ódio e de desinformação política, nomeadamente o Facebook, rede social cofundada por Mark Zuckerberg. Estas ações tiveram como efeito real a tentativa de insurreição contra o Capitólio norte-americano, em 06 de janeiro, no dia em que o Congresso certificava a vitória do democrata Joe Biden nas presidenciais de 03 de novembro.
"Um dilema social não pode transformar-me numa catástrofe social", frisou Cook, referindo-se a um documentário da plataforma de 'streaming' Netflix que aborda, entre outros temas, os efeitos corrosivos das redes sociais na sociedade.
O documentário aponta várias críticas ao Facebook e ao algoritmo utilizado com sendo responsável pela manipulação de cerca de três mil milhões de utilizadores para que vejam anúncios que rendam mais à rede social.
As duras críticas de Cook surgem numa altura em que a Apple se prepara para implementar um novo modelo de controlo de privacidade para prevenir as aplicações de iPhone de espiarem as pessoas.
Esta política de privacidade contrasta com os serviços digitais de empresas como o Facebook e a Google, que utilizam os dados provenientes da vigilância dos utilizadores para conseguirem vender anúncios personalizados.