Rio de Janeiro regista menor taxa de homicídios em 30 anos devido à pandemia
O Rio de Janeiro, um dos estados brasileiros mais violentos, registou 3.536 homicídios em 2020, menos 12% face aos 4.004 de 2019 e o menor número em 30 anos, informou ontem o Instituto de Segurança Pública.
A queda nos índices de criminalidade foi influenciada pelas medidas de confinamento social implementadas devido à pandemia de covid-19, que ajudaram a reduzir a delinquência, mas também pela quantidade de denúncias, segundo o estudo divulgado pela entidade regional.
Os números mostram que todos os crimes violentos letais - homicídio, roubo e lesões corporais seguidos de morte - caíram 18,2% no ano passado em relação a 2019, mas os homicídios tiveram a menor taxa desde 1991, ano em que o relatório começou a ser realizado.
O mesmo aconteceu com as mortes de civis às mãos da polícia, que diminuíram 31,7% em comparação às ocorridas entre janeiro e dezembro de 2019, quando se contabilizaram 1.810 casos.
Além disso, 2020 foi o ano em que menos polícias morreram no Rio de Janeiro: 17 em serviço e 42 de folga.
No entanto, a queda no número de mortes de civis por agentes do Estado foi influenciada pela decisão do Supremo Tribunal de Justiça, que proibiu operações policiais durante a pandemia desde junho do ano passado.
Essa decisão foi tomada porque, entre abril e maio de 2020, em pleno auge da pandemia de covid-19, 65 pessoas foram mortas durante operações policiais, num momento em que a região estava paralisada pelo confinamento social.
De acordo com o relatório, entre janeiro e dezembro de 2020, os roubos nas ruas, de veículos e de cargas também diminuíram, com queda de 40%, 36% e 33%, respetivamente, em relação aos dados de 2019.
Os números foram apresentados como um novo fôlego face aos índices de violência registados no Brasil, um dos países com mais violência da América Latina.
Segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2020, entre janeiro e junho do ano passado foram assassinadas cerca de 26 mil pessoas - uma a cada 10 minutos -, cerca de 7,1% a mais do que no mesmo período de 2019, apesar das restrições implementadas devido à pandemia.
O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo maior número de mortos (220.161, em mais de 8,9 milhões de casos), depois dos Estados Unidos.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.176.000 mortos resultantes de mais de 100 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.