Casa Branca pede aprovação urgente de estímulo com PIB a cair 3,5%
A Casa Branca apelou hoje ao Congresso para aprovar com urgência o seu plano de recuperação da crise causada pela pandemia, depois de a economia norte-americana ter registado no ano passado o pior desempenho desde 1946.
Segundo dados hoje publicados pelo Departamento do Comércio norte-americano, o PIB da maior economia mundial caiu 3,5% no ano passado, em relação a 2019, pior desempenho do que o esperado pela Reserva Federal, que apontava para uma descida de 2,5%, como a registada na crise financeira de 2009.
Brian Deese, diretor do Conselho Económico Nacional da Casa Branca, reagiu em comunicado dizendo que a mensagem dos dados oficiais "é clara", no sentido em que "tudo deve ser feito pela economia, trabalhadores e famílias" do país.
"O Congresso deve adotar rapidamente o plano de estímulo do presidente", adiantou.
O plano, avaliado pela Casa Branca em 1,9 biliões de dólares (1,56 mil milhões de euros), encontra-se em discussão no Congresso, pouco mais de uma semana depois de ter sido anunciado por Joe Biden.
O pacote de estímulo, "Plano de Resgate Americano", prevê um plano nacional de vacinação, assistência para a reabertura de escolas, pagamentos diretos individuais de 1.400 dólares (cerca de 1.150 euros) à população e apoio financeiro aos governos dos Estados e municípios.
As medidas do Plano Biden serão financiadas com recurso a endividamento do Estado, somando-se a biliões já aplicados em medidas de estímulo e aquisição de vacinas para a Covid-19.
Responsáveis da equipa de Biden têm defendido que as atuais baixas taxas de juro tornam gerível o endividamento adicional.
Segundo o conselheiro económico da Casa Branca, "sem uma ação rápida, há o risco de uma crise económica contínua que tornará mais difícil aos americanos regressar ao trabalho".
Na quarta-feira, o presidente da Reserva Federal, Jerome Powell, afirmou que a percentagem de desemprego real no país está agora próxima de 10%, acima dos 6,7% oficiais.
O desemprego nos Estados Unidos da América (EUA) aumentou 'em flecha' por causa da pandemia, que obrigou a confinamento em vários estados para mitigar a propagação do SARS-CoV-2, colocando um 'travão' em vários setores no país mais afetado pela pandemia.
Apenas em 1946, depois da despesa pública ser fortemente travada com o fim da 2ª Guerra Mundial, a economia norte-americana registou uma travagem tão brusca como a de 2020.
Os dados do Departamento do Comércio indicam que o consumo das famílias, que representa cerca de três quartos da economia norte-americana, caiu 3,9% no ano passado, enquanto as exportações recuaram perto de 13%.
A despesa pública evitou uma quebra ainda maior, aumentando na sequência do pacote de estímulo aprovado pela Administração Trump, no valor de 2,2 biliões.
Com a vacinação e medidas de estímulo, as previsões apontam para uma retoma da economia norte-americana em 2021, que segundo o Fundo Monetário Internacional deverá rondar os 5,1%, e segundo a Reserva Federal 4,2%.