Madeira

Pais devem ser penalizados por menores embriagados

Nelson Carvalho pede também mudança na lei do álcool e na publicidade

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Foto Shutterstock

É preciso fazer mais para combater o consumo de álcool, defendeu o director da Unidade Operacional de Intervenção em Comportamentos Aditivos e Dependências, ainda que a Região se destaque no país pelos bons resultados na maior parte das áreas. Mas destaca-se também pelos maus, como dá conta uma notícia na edição de hoje, que revela que Madeira tem a 3.ª taxa mais elevada dos internamentos por álcool.

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Rúben Santos , 28 Janeiro 2021 - 07:00

O álcool sempre foi um problema de saúde pública, sublinha Nélson Carvalho, recordando que é a droga mais consumida no mundo e no Arquipélago. Porquê? “Porque tem uma grande aceitação social e cultural”, acredita o director da Unidade. “Serve para festejar, serve para esquecer as mágoas. Dá para tudo”.

Nelson Carvalho pede mudanças sobretudo por parte dos pais e da legislação em vigor, ambos demasiado permissivos. “Os pais são muito benevolentes em relação ao consumo de álcool em relação aos filhos. Depois temos uma lei, um quadro legislativo que é muito tolerante”.

A lei, por exemplo, proíbe a venda de álcool a menores de 18 anos, mas é uma lei muito difícil de pôr em prática porque baseia-se no flagrante delito. “Depois muitas vezes quer os pais, quer os empresários também não têm consciência social e disponibilizam álcool a menores, sabendo que não o deviam fazer”. Esta tolerância que persiste na sociedade passa a mensagem aos mais novos que embora seja proibido, pode ser feito. “Por isso é que eu sempre defendi que quando há menores que são encontrados pela polícia durante a noite, alcoolizados, os pais deviam ser responsabilizados, deviam de levar coimas, deviam ser multados”.

O especialista recorda que o principal agente preventivo são os pais e que é “inconcebível que miúdos com 13, 14, 15, 16 anos andem na rua, frequentem a noite e não se passe nada”. A lei devia ser também mudada no sentido de não implicar o flagrante delito, mas antes se um adolescente for encontrado embriagado pela polícia, fazer o historial e o responsável por fornecer o álcool ao menor ser penalizado.

Há ainda o aspecto da publicidade, que Nelson Carvalho diz ser necessário mudar. É proibido publicitar bebidas alcoólicas na televisão e nas rádios entre as 7 horas em 22h30, mas depois aparecem. “Se houver um jogo de futebol, ou uma conferência de imprensa de um treinador, estão lá as marcas de bebida, por exemplo”.

Os estudos feitos nas camadas mais jovens revelam que nos jovens a Madeira tem a prevalência de álcool mais baixa do país. Na população em geral, a Madeira é também a segunda ou a terceira com melhores resultados. “Não digo que estamos bem, porque nunca estamos bem nestas situações, mas temos resultados francamente positivos”, sublinhou Nelson Carvalho. Ainda assim, quer e sabe que é possível fazer melhor.

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