Tribunal do Paquistão anula condenação de suspeito na morte de Daniel Pearl
O Supremo Tribunal do Paquistão confirmou hoje a anulação da condenação à morte do extremista britânico de origem paquistanesa suspeito de ter assassinado em 2002 o jornalista norte-americano Daniel Pearl, abrindo a possibilidade da sua libertação imediata.
O Supremo considerou que Ahmed Omar Saeed Sheikh não cometeu "qualquer delito relacionado com este processo", disse à France-Presse, Mahmood Sheik, um dos advogados do acusado.
Em abril de 2020, o Tribunal da província de Sindh, no sul do Paquistão, anulou a condenação à morte de Omar Sheikh, 47 anos, comutando a pena para sete anos de prisão pelo crime de sequestro.
A decisão foi criticada pelo Departamento de Estado norte-americano que considerou que a posição do tribunal foi uma "afronta às vítimas do terrorismo em todo o mundo".
Outros três homens, Salman Saquid, Fahad Nasim e Sheik Adil foram condenados em julho de 2002 a sentenças de cadeia perpétua por terem reivindicado, através de correio eletrónico, o rapto do jornalista norte-americano, Daniel Pearl.
Os pais do jornalista recorreram da decisão, facto que manteve os quatro suspeitos detidos, apesar do julgamento que começou em dezembro e que pediu a libertação dos homens.
Daniel Pearl tinha 38 anos e era correspondente do jornal norte-americanos Wall Street Journal quando desapareceu a 23 de janeiro de 2002 em Carachi.
A decapitação do jornalista foi filmada em vídeo, tendo o registo sido enviado para o consulado dos Estados Unidos no sul do Paquistão.
Um inquérito independente que se prolongou durante três anos no quadro do "Caso Pearl" determinou em 2011 que a justiça paquistanesa se tinha "afastado" do processo.
De acordo com Asra Nomani, antiga colega e amiga de Pearl, que dirigiu o inquérito, o paquistanês Khaled Cheick Mohammed (KSM, de acordo com as inicias em inglês), que reclamou ter sido o "cérebro" dos atentados contra Nova Iorque de 2001, foi o executor do jornalista.
KSM, preso no Paquistão em 2003, foi enviado para a prisão norte-americana de Guantánamo, Cuba.
Um psicólogo que interrogou o preso afirmou que KSM lhe confessou ter decapitado o jornalista norte-americano.