O regresso dos universitários
O regresso dos universitários
n Atualmente estamos numa guerra desigual em que o nosso inimigo chamado Covid-19 é um ser minúsculo, invisível mas cujo as consequências são muito graves e para agravar ainda mais a situação temos novas estripes, em que neste momento Portugal continua a ser o país do mundo com mais novos casos e mortes por milhão de habitantes, o SNS está em rutura total, todos os dias entram pela nossa casa imagens impressionantes do que se passa nos nossos hospitais, os profissionais de saúde na exaustão total quer fisicamente quer psicologicamente, em que a nossa ministra da saúde admite transferir doentes com covid-19 para o estrangeiro ou a vinda de profissionais do exterior para nos ajudarem.
E podem ter a certeza que tenho conhecimento de causa, tenho uma filha que está na linha da frente no hospital de Faro em que descreve a situação de uma autêntica catástrofe, filhas enormes de ambulâncias aguardar para que os doentes sejam atendidos nas urgências, pessoas a morrer porque falta meios humanos para ministrar uma dose de medicação, os profissionais a terem de fazer a cada minuto escolhas difíceis, enfim não há palavras que possam descrever tudo o sofrimento quer por parte dos pacientes, familiares e dos nossos profissionais. Será que ainda não nos apercebemos da situação de total calamidade que o país atravessa, há quem aponte que o governo não tem tomado as melhores decisões, não estamos no momento para criticar mas sim unirmos todos e fazermos o nosso melhor que neste momento como cidadãos comuns é o confinamento.
Na nossa ilha também desde o início do mês de janeiro que diariamente os números crescem, o que era de prever, a região já contabiliza cerca de 34 óbitos associados à covid-19. Por enquanto o nosso sistema de saúde ainda consegue dar resposta as solicitações, mas até quando apesar dos nossos governantes recentemente terem declarado que há uma tendência para o decréscimo de casos.
Estamos com muita esperança que tudo vai correr bem mas no meio de toda esta calamidade há o eventual regresso dos estudantes madeirenses nos próximos dias. Fiquei em estado de choque, estamos a brincar ou ainda não temos a consciência plena da gravidade da situação, eu também tenho um filho no continente que vai continuar lá pois qual a necessidade do regresso dos estudantes nesta altura, no continente tem de estar confinados e aqui também. De acordo com as orientações impostas pelo governo regional os estudantes vão fazer teste à chegada à Madeira e vão manter-se em isolamento profilático até à realização do segundo teste, entre o quinto e o sétimo dia, só ficando com alta após o resultado negativo do segundo teste, mas será que todos os estudantes e respetivas famílias tem a consciência da importância da obrigatoriedade do cumprimento destas regras, infelizmente sabemos que os incumprimentos serão muitos. Bastou um fim de semana de sol para as nossas esplanadas ficarem repletas e temos de ter a consciência que com estes regressos os casos na nossa região vão voltar a aumentar.
Pais, faço um apelo neste momento temos de ser racionais, claro que queremos sempre proteger e o melhor para os nossos filhos mas há que ponderar os pros e contras destas vindas, será que não é mais seguro continuarem no continente a fazer o confinamento, nesta altura viajar não é um processo seguro, há muitos estudantes que tem de fazer longas viagens de autocarro ou comboio para conseguirem chegar ao aeroporto mais próximo para poderem viajar para a Madeira e outra situação a ter em conta como contribuintes conscientes são os custo que acarreta estas viagens para o estado que é a sua comparticipação assim como os testes.
Por favor temos de SER TODOS RESPONSAVEIS e fazer com que os nossos filhos entendem que apesar de já terem a sua maioridade, poderem fazer as suas escolhas, mas a maior parte dependentes financeiramente dos pais, que estamos a atravessar um dos períodos mais difíceis da nossa história recente, que o melhore é continuarem aonde estão e apesar dos dias de sol que a nossa ilha oferece nesta altura não estamos em período ideal para fazer férias. Não se iludem que os nossos filhos não fogem para ilha porque querem estar junto dos papas, que estão cheios de saudades dos avozinhos, que se sentem mais seguros cá, mas sim umas mini-férias, estar com os amigos em convívios e como muitos dizem a vida é para ser vivida. Claro que há exceções e espero que sejam muitas senão isto vai correr mesmo muito mal !!!
Salvador de Freitas