Foi na Freguesia da Ilha que o reeleito Presidente da República conquistou, mesmo a nível nacional, o resultado mais expressivo com 86,40% dos votos. Esta segunda-feira, no ‘day-after’ da jornada eleitoral, muitos dos poucos residentes na Freguesia da Ilha, manifestavam orgulho pela histórica vitória de Marcelo Rebelo de Sousa.

Apesar de já ser uma ‘cinquentona’, Ilda Marques é das mais novas a residir na Achada do Marques. Ela e quase todos os vizinhos que votaram, foram à boleia da carrinha disponibilizada para o efeito. “[Votar] é um direito”, assinala, enquanto se apressa para ir até casa tratar do almoço que deixou ao lume.

Na Achada do Marques, pacato sítio com menos de duas dezenas de residentes, o mais novo e único adolescente, tem já 12 anos de idade. Ali, quase todos os que (ainda) resistem ao despovoamento são idosos. É o caso de João Aguiar, homem que gosta de “desconversar”. Os problemas de locomoção obrigam este viúvo reformado a ter sempre como companhia as inseparáveis ‘muletas’. Não estranha por isso que passe grande parte do dia sentado à beira da estrada’ a ver o tempo passar.

Com a garagem repleta de batata-doce gerada pela fértil terra da Achada do Marques - muitas das quais de calibre impressionante - João Spínola vida da terra e para a terra. A vida dedicada à lavoura não impediu de também cumprir com o dever cívico. Apesar de manifestar agrado pelo resultado eleitoral, “o que interessa é eles mandarem o dinheiro”, afirma.

“Ainda bem que ele (Marcelo) ganhou. Se fosse o ‘Trampa’ do Ventura era uma tristeza para o país todo. Quem votou nele (Ventura) não teve juízo” atirou Inês Marques, mulher de meia-idade, uma das 127 que este domingo votou na recôndita freguesia do município de Santana. Agora faz votos que Marcelo tenha saúde para cumprir o mandato. “Oxalá ele se aguente. Acho que ele já está a ficar velhinho”, justificou.

As eleições Presidenciais interromperam, no domingo, o domínio avassalador de notícias sobre a covid-19 que tem vindo a dominar a actualidade, desde há muito. Facto valorizado por quem já se diz farto de quase só se falar da Covid. “Pelo menos ontem (domingo) houve assunto sem ser só notícias da covid”. 

Junto ao bar/mercearia no centro da freguesia, o resultado eleitoral reunia consenso: “Foi o esperado”. Ganhou quem “reunia mais condições”, considerou Elsa Marques. Que em jeito de análise política aos resultados na Região, aproveitou para mandar o ‘recado’: “Os outros partidos (de esquerda) têm agora é que analisar bem a segunda posição do André Ventura”, atirou.

“Normal” foi a conclusão de João Gomes Luís, o motorista de táxi que é também presidente da Junta. Por sinal muito “estimado” pelos seus fregueses.