UE convida EUA a criarem regulação comum para os gigantes da Internet
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, convidou hoje os Estados Unidos a juntarem-se à iniciativa europeia de criar regulamentação à escala mundial para as empresas gigantes da Internet e da tecnologia.
"Convido os nossos amigos norte-americanos a aderirem às nossas iniciativas. Juntos, poderemos criar um conjunto de regras para a economia digital que sejam válidas à escala mundial", afirmou, num discurso realizado no Fórum Económico de Davos, poucos dias após a tomada de posse do novo Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.
Esse conjunto de regras será "fundado com base nos nossos valores: os direitos humanos, a diversidade, a inclusão e proteção da esfera privada", explicou, referindo-se aos projetos do executivo europeu apresentados em dezembro (Regulamento sobre Serviços Digitais e Regulamento sobre os Mercados Digitais).
No seu discurso, Ursula von der Leyen sublinhou os perigos para a democracia de uma Internet não regulamentada.
"A tomada do Capitólio foi um choque para mim, como para muitos de nós", disse a chefe do executivo europeu, acrescentando que é preciso "defender as instituições contra o poder corrosivo do discurso do ódio, da desinformação, (...) e do incitamento à violência" nas redes sociais.
"O modelo de negócio das plataformas de Internet tem impacto não só na concorrência livre e justa, mas também nas nossas democracias, na nossa segurança e na qualidade da informação. Por isso, devemos limitar o imenso poder das grandes empresas digitais", reforçou.
"O que é ilegal 'off-line' deve ser ilegal 'on-line' e queremos que as plataformas sejam transparentes sobre a forma como os seus algoritmos funcionam", defendeu von der Leyen.
Em 15 de dezembro, a Comissão Europeia apresentou um projeto de nova legislação para tentar limitar o poder das grandes empresas digitais, acusadas de contribuir para a divulgação de discursos perigosos.
O Regulamento sobre Serviços Digitais pretende responsabilizar todas as plataformas, mas principalmente as maiores, para que passem a ter formas de moderar os conteúdos que hospedam e cooperar com as autoridades.
O Regulamento sobre os Mercados Digitais visa impor restrições específicas apenas aos chamados jogadores 'sistémicos' -- algumas empresas cujo poder ameaça a concorrência, como o Google, a Apple, o Facebook, a Amazon e a Microsoft).
De acordo com a proposta, estas empresas passam a ter regras que aumentam a transparência dos seus algoritmos e limitam o uso de dados privados, algo que constitui o cerne do seu modelo económico.
Além disso, os cinco gigantes digitais terão de notificar a Comissão de qualquer proposta de aquisição de uma empresa na Europa.