Coronavírus Madeira

Professora defende prolongamento ao mínimo do ensino à distância

Alguns alunos enganam os professores e pais, outros têm mesmo dificuldades. Em qualquer caso, aula virtual é complicada de gerir

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Foto Shutterstock

É importante regressar às aulas presenciais logo que possível, defendeu uma professora do 3.º Ciclo e mãe de dois, reagindo à notícia de que o Governo Regional deverá prolongar o ensino à distância para este nível de ensino e Secundário pelo menos até às férias de Carnaval. Este sistema, além de não ser tão produtivo permite que os alunos menos comprometidos com a aprendizagem enganem os professores e os pais, alegando problemas e falhas técnicas para não participar nas aulas e por vezes nem estar presentes.

O modelo adoptado, sendo a solução possível num contexto de aumento do número de casos de covid-19 e necessidade de controlo da propagação do vírus, “não é muito produtivo para o aluno, nem para o ensino”, avaliou a professora.

O novo método ensino à distância permitiu a inclusão de novas ferramentas e materiais diversificados para tornar o processo mais interactivo e dinâmico. “É uma mais-valia, é excelente para captar a motivação e atenção do aluno”, sublinha Nádia Velosa. Mas depois, em contrapartida, como o tempo de aula reduziu e o número de alunos por turma se mantém, tona-se difícil acompanhar. “Estar numa aula assim, com tantos alunos, nós não conseguimos controlar”, admitiu a docente. Há casos em que são 25 alunos por sala. Numa escola, numa sala de aula real o professor tem o máximo controlo possível. Numa sessão online, as coisas complicam-se. E os problemas não são apenas o grande número de alunos e o pouco tempo de aula, revelou.

“ A meio da aula eu dou-me conta de que o aluno a nível da plataforma está lá, está activo, como se estivesse presente, só que na realidade ele não está”, exemplifica, demonstrando uma das frustrações de gerir uma sala de aula virtual. “Alguns não usam a câmara, eu não consigo ver”. Em outras ocasiões, diz ainda, os alunos apontam falhas técnicas, reais ou inventadas, para não acompanhar a aula. E há pais e alunos que têm problemas a nível financeiro, que não têm os equipamentos adequados e não conseguem acompanhar.

“Não há como ter uma aula presencial. O sistema tem falhas, para que as coisas funcionassem melhor, teria que haver um avanço também nesse sentido”. No entanto, “atendendo ao aumento exponencial de casos de covid e sabendo que há na Região a nova estirpe inglesa, o melhor é os miúdos não estarem presencialmente na escola”, admitiu Nádia Velosa, reconhecendo a dicotomia da sua posição. “É como o médico. O médico diz: ‘Atendendo ao grande número de contágios, o melhor é estar confinada em casa’. Ele tem razão. Só que depois sabemos que ao nível económico as coisas não se processam dessa forma. E não podemos continuar neste sistema, porque vai acabar por haver um colapso”.

Sem solução perfeita à espreita, o ideal, como professora era que os pais conseguissem acompanhar os filhos nas aulas online, estando presentes ao seu lado, sobretudo no caso dos de 3.º Ciclo. Mas como mãe sabe que isso não é possível na maioria dos casos. “Eu sei o que eu tenho passado”, confessou. “Às vezes eu tenho de dar aulas em simultâneo e eu não posso ajudar”, dá como exemplo, em ralação aos seus filhos.

“Os miúdos às vezes aproveitam-se, inventam que tiveram falhas técnicas, os pais acreditam, não vão às aulas, às vezes vão às aulas e não fazem os trabalhos pedidos”. Quanto menos tempo estiver em vigor este modelo, melhor para todos, defendeu a professora.

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