Meios de comunicação públicos voltam a ser liderados por jornalistas nos EUA
Os meios de comunicação social públicos internacionais nos Estados Unidos voltaram a ser liderados por jornalistas experientes após a saída de Donald Trump do poder, reportou hoje a agência France Presse (AFP).
A agência refere que o antigo presidente norte-americano nomeou dirigentes acusados de colocar em causa a independência das redações, apesar do risco de prejudicar a sua credibilidade.
A debandada de dirigentes escolhidos por Trump começou na semana passada, com a renúncia do produtor de cinema Michael Pack, nomeado pelo republicano para chefiar o grupo empresarial que controla as rádios Voice of America (VOA), Radio Free Europe/Radio Liberty ou a Radio Free Asia.
Pack tentou quebrar a regra, garantida pelo Congresso norte-americano, segundo a qual o diretor-geral não pode interferir nas decisões editoriais, refere a AFP.
Porém, lembra a agência, no final do mandato de Donald Trump, Michael Pack convidou o secretário de Estado Mike Pompeo para falar na sede da Voice of America, onde acusou a estação de "denegrir" os EUA, sem responder a perguntas dos jornalistas que conduziam a emissão.
Joe Biden nomeou, entretanto, Kelu Chao, jornalista da VOA há mais de 40 anos, para diretor-geral interino do grupo de emissoras.
Também o diretor da rádio, Robert Reilly, personalidade conservadora e muito contestada internamente, foi substituído interinamente por Yolanda Lopez, que tinha sido afastada recentemente.
A correspondente da VOA na Casa Branca, Patsy Widakuswara, também regressou às prestigiadas funções, das quais tinha sido demitida simplesmente por tentar questionar Mike Pompeo no final da sua recente intervenção.
Por sua vez, Bay Fang, que liderou a investigação da Radio Free Asia sobre trabalhos forçados na Coreia do Norte ou sobre os campos de detenção para muçulmanos uigures na China, também recuperou o seu cargo de presidente da estação, do qual tinha sido demitido em junho por Michael Pack.
"O nosso sucesso assenta na relação de confiança com os nossos ouvintes e as nossas fontes e havia sérias preocupações com o risco de perder essa relação. Podia colocar em causa não só a nossa reputação, mas também colocar em risco os nossos jornalistas e a sua capacidade de exercerem a profissão", comentou o vice-presidente da Radio Free Asia.