Amigos (de) votos!
- Que triste sorte a minha, nesta época de pandemia ainda era a campanha eleitoral que me entretinha.
- E a mim também. Mas já como dizia minha mãe “ não há mal que sempre dure, nem bem que sempre ature!
Era uma campanha tão decente, diferente, sem as demagogias de outros tempos.
O que é bom tem sempre de acabar. A propósito, ao menos soubeste votar?
- Eu não tive muito que pensar. Meu avô era lá dessa coisa do “fascismo” e se gostava desse regime é porque via nele algo de positivo. Nesta democracia e neste socialismo, presentemente, temos quase tudo o que havia “ nesse tempo” e ainda temos LIBERDADE, de modo que, só podia votar, em quem pudesse assegurar, a CONTINUIDADE!
- És capaz de ter razão, não digo que não, mas tomei outra opção.
- Ai meu Deus, nem quero pensar em quem foste votar!
- Tu conheces-me a fundo e sabes que eu tenho um coração do tamanho do mundo.
Como vi que todos se entregaram com “tanta devoção” com vista a servirem o povo e a nação, não tive coragem de fazer qualquer tipo de discriminação.
A cada um dos candidatos coloquei uma cruzinha nos respetivos quadrados!
- Mas ao votares em todos os candidatos o teu voto foi anulado.
- Se fizeram essa maldade, não sei, mas com a minha consciência tranquila, lá isso fiquei.
- Eu bem gostava de saber os factos que te levaram a votar em todos os candidatos.
- Ouve com atenção e verás se não tive razão.
Há cinco anos o Sr. MARCELO era considerado por toda a esquerda um candidato fascista.
Imagina o esforço que aquele homem fez para ser apoiado pelo partido socialista!
- Sabes, as pessoas e as instituições não têm que ficar sempre na mesma. O partido socialista veio um bocadinho para a direita e Marcelo descaiu um pouco para a esquerda.
- A Marisa, por exemplo, até se compreende que esteja bem em Bruxelas e a criar também o seu “pé-de-meia”, mas o drama que deve estar vivendo, sabendo que representa um partido (B.E.) que é contra a nossa integração na União Europeia.
- Tens razão, merecia ir a presidente, só pelo sofrimento de aguentar essa triste contradição.
- O Sr. Ferreira, - sabendo de antemão que não ganhava a eleição - arriscou uma fortuna do seu bolso, confiando num milagre de poder ser presidente e defender o seu País e o seu povo.
- Isso é verdade. O teu voto nele, foi, digamos, quase uma obra de caridade.
- A Senhora Ana Gomes, com a sua habitual simpatia, bem dizia, se fosse a presidente fazia tanta coisa pela gente. Se ganhasse as eleições ia ser uma presidenta de múltiplas funções.
- Ah, sim, nem num sistema presidencialista se encontrávamos uma presidenta tão ativa.
- Quanto ao senhor Ventura, um rapaz novo, fogoso, exagerava no seu radicalismo, mas, tirando isso, sempre abanava esta, digamos, democracia e este também, digamos, socialismo.
- Vendo por esse lado, também concordo com a tua cruzinha no seu respetivo quadrado.
- Quanto aos senhores Tiago e Vitorino, pelas suas posturas, empenho nas respetivas candidaturas, e sabendo que não ganhavam a eleição, mereciam o meu voto de consolação.
- Bem, e agora que sabes o resultado das eleições, o que foi que tiraste de conclusões?
- Ganhou o Sr. Costa. Para ele, domingo, foi um dia belo. Pode continuar a governar, apoiado com uma mão no ombro do Sr. Jerónimo e com a outra mão no ombro do Sr. Marcelo!
E a “esquerda”, por um triz, livrou-se de um cartão vermelho, ficando pelo amarelo!
Juvenal Pereira