Líder do BE-Madeira admite que voto útil em Ana Gomes prejudicou Marisa
O líder regional do Bloco de Esquerda na Madeira, Paulino Ascenção, assumiu que a “sua” candidata, Marisa Matias, teve “um resultado aquém do esperado”, o que justifica com “os efeitos de um voto útil em Ana Gomes da parte de votantes do BE”. É uma opção com a qual o dirigente madeirense não concorda. “É um voto muito pouco útil, pois o efeito maior será enfraquecer a área política que ela representa”, explicou.
De resto, Paulino Ascenção considera que os resultados das eleições presidenciais de hoje “não representam grandes surpresas”, já que contava com a reeleição de Marcelo Rebelo de Sousa e com os demais candidatos a ficarem a enorme distância, repetindo o que é a tradição em termos de segundos mandatos. Em segundo lugar, o dirigente bloquista destaca as projecções que indicam que Ana Gomes deve ficar em segundo lugar, o que, segundo lembrou, “deveria conduzir a demissão prometida do líder do partido da extrema-direita, mas tal não vai acontecer pois as suas promessas, como já nos habituou, valem zero”.
O porta-voz bloquista entende que o segundo lugar que o candidato da extrema-direita obteve na Madeira “não é o mais relevante” mas acha que o respectivo resultado é “preocupante” e acha mesmo que “a votação de Ventura na Madeira deve-se em boa parte ao apoio velado do PSD-Madeira”. Paulino descreve o seu raciocínio: “Os 12% no plano nacional e os 10% na Madeira são motivo de preocupação para quem preza a Democracia e a Liberdade, mas não representam a força do partido que o suporta. Ventura não vale os votos que teve hoje. A ala passista do PSD deu-lhe apoiou para fragilizar Rio e porque não se revê em Marcelo. Na Madeira essa ala é representada por Miguel Albuquerque, que tem declarado abertura a futuras alianças com a extrema-direita e tem desentendimentos conhecidos com Rio e com Marcelo”.
Paulino Ascenção observa que o PS optou pela “falta de comparência nestas eleições, de forma oportunista e na Madeira também contribuiu para o segundo lugar da extrema-direita”. É que, “ao apoiar Marcelo, o presidente do PS deixou desamparada a candidata que é militante do seu partido, Ana Gomes”. “Ao PSD-Madeira é óbvio que dá jeito haver um partido à sua direita que possa captar parte do descontentamento do eleitorado com o seu Governo Regional e que depois esteja disponível para suportar a continuidade desse mesmo Governo, possibilidade que tem sido abertamente assumida por ambas as partes”, conclui.