O vírus da hipocrisia
O Secretário de Estado da Educação (SEE) afirmou numa sessão online com a candidata presidencial Ana Gomes que “há crianças que não comem quando a escola está fechada” procurando assim justificar a manutenção das escolas abertas contra as recomendações cada vez mais insistentes de vários especialistas de diversas áreas científicas que recomendam o seu encerramento e que entendem que o mesmo deveria ter ocorrido logo que foi decretado o atual confinamento, que também pecou por tardio se analisarmos o que se passa na Alemanha e noutros países em confinamento desde antes do Natal e que só assim têm conseguido achatar a curva de novas infeções e as mortes que daí decorrem. Esta afirmação do SEE é desde logo um reconhecimento explícito do enorme fracasso do Governo (GO) na área da educação e no apoio social às famílias desfavorecidas, GO que nem sequer consegue suprir uma necessidade básica como a alimentação de crianças em idade escolar a não ser na escola. Pergunta-se e nos meses de férias em que as escolas estão fechadas? Não comem? O GO deixa-as a morrer de fome? O GO sabe sequer quantas e quem são as crianças que necessitam de apoio? Pelos vistos nunca soube nem quer saber senão nunca invocaria o fecho das escolas como um impedimento à devida assistência a que essas crianças e as suas famílias têm direito. Não não é uma questão de ideologia é única e exclusivamente uma questão ética de obrigação social de todos nós em geral e de qualquer governo em particular! É um autêntico vírus da hipocrisia que afeta não só o SEE mas igualmente candidatas e candidatos presidenciais que estão a fazer da campanha eleitoral uma montra de mentiras e especulações sobre o que cada um seria como presidente atribuindo-se poderes e competências que não constam na Constituição, passando por cima das misérias extremas que afetam os portugueses e que deveriam constar, essas sim, na sua lista de exigências para viabilizar ou manter em funções qualquer governo.
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