Coordenadora do grupo de crise de Trump admite que considerou renunciar
Deborah Birx, juntamente com Anthony Fauci, foram os dois cientistas em foco na Casa Branca desde que a covid-19 irrompeu pelos EUA
A coordenadora do grupo de crise contra a covid-19 na Administração Trump admitiu ontem que considerou renunciar e temeu que a mobilização de tropas para a posse do novo Presidente norte-americano, Joe Biden, fosse fonte de super-contágio.
Questionada no programa "Face the Nation", da estação de televisão norte-americana CBS, se tinha "pensado desistir" do cargo, Deborah Birx, médica especialista em imunologia, respondeu "sempre".
"Colegas meus, que conhecia há décadas, porque estava na Casa Branca, achavam que me tinha tornado essa pessoa política, embora me conhecessem desde sempre", referiu Deborah Birx, no excerto divulgado da entrevista que será transmitida este domingo na íntegra.
A especialista adiantou ainda que, quando se tornou claro que "não estava a chegar a lado nenhum", um pouco antes das eleições para a presidência, que decorreram a 3 de Novembro de 2020, elaborou "um plano de comunicação muito detalhado sobre o que deveria acontecer no dia seguinte à eleição".
Na mesma entrevista, Deborah Birx adiantou que chegou a temer que a recente cerimónia de posse de Joe Biden, na quarta-feira passada, que mobilizou mais de 20 mil elementos da Guarda Nacional, poderia representar um evento de super-contágio da covid-19, tendo em conta que entre os militares poderia haver assintomáticos.
Também ontem foi divulgada uma declaração do principal epidemiologista do governo dos Estados Unidos, Anthony Fauci, advertindo que, durante a administração de Donald Trump, foi exercida muita pressão sobre os cientistas.
"Não queria discordar do Presidente, porque tenho muito respeito pelo cargo, mas havia conflitos em diferentes níveis, com diferentes pessoas e diferentes organizações e muita pressão exercida para fazer coisas que simplesmente não são compatíveis com a ciência", referiu Fauci no "The Rachel Maddow Show", segundo informou hoje a imprensa local.
Os Estados Unidos são o país mais atingido pela pandemia da covid-19, com mais de 24,8 milhões de casos registados e cerca de 400 mil mortos.