Portugueses na Venezuela foram votar à espera de mais atenção de Lisboa
Dezenas acorreram às urnas no país sul-americano às primeira horas do dia
Dezenas de pessoas acudiram nas primeiras horas de hoje ao Consulado-Geral de Portugal em Caracas, para participar nas eleições presidenciais portuguesas, com esperança de receber mais atenção de Lisboa e alguns a queixarem-se de não estarem recenseados.
"Sim claro" que já votei. "Nós os luso-venezuelanos temos profundamente arraigado que votar é importante para exercer a nossa opinião de alguma forma. Votar é importante para mim, sempre foi importante votar, aqui e em Portugal", disse a psicóloga Janeth Marcelina Rodrigues Pita.
É "importante que a comunidade vote porque é assim que nos ouvem" e "é uma forma de expressar a nossa opinião, de dizer ao mundo que existimos, que estamos aqui", acrescentou.
"Se estamos preocupados a eleger quem nos irá governar lá, eles (em Portugal) também têm de se preocupar connosco que também somos cidadãos portugueses. Portanto, eles têm de se preocupar um pouco mais com os problemas que estamos enfrentando", disse.
Por outro lado, sublinhou que "como profissional", quer ver "mais facilidades para revalidar títulos" escolares e questões como a segurança social para quem vive na Venezuela.
"Queremos ver benefícios. Muitos de nós, que vivemos aqui (Venezuela), pagamos impostos lá, e de alguma forma queremos que nos recompensem", frisou.
José Damas Branco, representante da Caixa Geral de Depósitos em Caracas, foi também votar para "contribuir com a construção de uma sociedade mais justa".
"Já votei, já cumpri o meu dever cívico. É muitíssimo importante que a comunidade vote, porque se não votarem depois também não podemos exigir direitos. Se uma pessoa não participa não contribui para a construção de uma sociedade mais justa, mais plena. Portanto é de facto fundamental que se vote, especialmente aqui que estamos longe e uma vez que há esta abertura que é fantástica", disse à Agência Lusa.
O publicitário Jaime dos Reis Macedo tentou ir votar, mas surpreendeu-se porque não está recenseado.
"Vim cumprir com o meu direito nestas eleições presidenciais, mas não apareço nos registos e tive que preencher uma folha para fazer a denúncia. Todos os trâmites foram feitos aqui (no Consulado). Encontrei-me com isto (que não aparecia recenseado), e estou muito surpreendido. Confio que está situação será 'arranjada' de uma boa vez", disse.
Também descontente, o promotor turístico António Pestana Drummond criticou o processo. "Vim tentar votar, mas não consegui. Não me deixaram votar!".
"Estou há 40 anos na Venezuela e pela primeira vez tomei a decisão de votar. Há três anos fui a Portugal, para tentar morar lá e regressei para tentar levar a minha mulher, fui apanhado pela pandemia e não pude voltar", explicou.
Segundo Drummond "o site da Internet do Governo português diz que o pessoal que ficou fora do país e queira votar onde estiver que vá ao consulado, mas não me deixaram".
"Dizem que não estou registado aqui, mas se estás fora do país e não tens possibilidade de regressar devido à covid-19, que não é uma situação normal, têm de deixar votar", disse, sublinhando que é importante que todos na comunidade votem.
Na Venezuela estão recenseados aproximadamente 70 mil portugueses e foram abertos centros eleitorais em Caracas, Barcelona, Los Teques, Puerto Ordáz, Margarita, Valência, Maracay, Barquisimeto e Mérida.