Obrigados a não ficar em casa
Boa noite!
A campanha para as presidenciais que agora termina para dar lugar a um anacrónico dia de reflexão foi inédita dada a crise pandémica que tudo subverte, mata sem escrúpulos e desfaz a esperança. Fez-se sem arruadas, comícios, festas, e sem povo e alma, tornou-se enfadonha e previsível, mesmo que predominante digital e interactiva.
Houve sondagens, todas a dar vantagem a Marcelo num cenário de abstenção recorde. E não faltaram debates, muitos, mas nem sempre esclarecedores, polémicas, quase sempre sem nível e até pedradas, que nenhum discurso extremista justifica.
Das acções dos sete candidatos sobram os apelos ao voto para que comprovadamente a democracia não saia fustigada de um sufrágio onde faltou coragem para inovar. Os decisores tinham tudo para colocar a tecnologia ao serviço dos eleitores e aproveitar o novo normal para justificar investimentos avultados em opções de futuro como o voto por correspondência ou voto electrónico. É um escândalo pactuar com um Estado incapaz de tomar medidas depois de ter passado 23 anos em testes sem apresentar resultados, a não ser os milhões de euros gastos em experimentalismo inconsequentes.
Apesar destes estranhos comodismos, no próximo domingo importa votar. Por isso, por instantes, não fique em casa, na esperança que um dia não seja obrigado a correr riscos para exercer um dos seus elementares direitos.