Opositor no Uganda diz que eleições "foram as mais fraudulentas" de sempre
O candidato presidencial da oposição no Uganda, Bobi Wine, acusou o Presidente de encenar um "golpe" para se manter no poder, depois das eleições de 14 de janeiro, apelando aos ugandeses para protestarem pacificamente.
"O Presidente cometeu um golpe contra a Constituição e contra o povo do Uganda", disse o popular cantor e opositor político do chefe de Estado, Yoweri Museveni, numa sessão online com os seus apoiantes feita em sua casa devido à prisão domiciliária a que está sujeito.
Para Bobi Wine, nome artístico de Robert Kyagulanyi, as eleições da semana passada, cujos resultados oficiais dão 58% do voto ao atual Presidente e 34% ao candidato opositor, foram uma forma de "brincar à democracia".
Bobi Wine disse ter provas de que os militares encheram caixotes de boletins de voto e afastando os seus apoiantes das urnas de voto e garantiu que "foram as eleições mais fraudulentas na história do Uganda".
Este país da África Oriental que faz fronteira como Quénia, República Democrática do Congo e Sudão do Sul nunca teve uma transição pacífica de poder, e é presidido desde 1986 por Yoweri Museveni, aliado dos Estados Unidos e acusado por Wine de ser um agente estrangeiro.
As eleições de 14 de janeiro no Uganda foram marcadas por "violência" e "violações dos direitos humanos", incluindo mortes pelas forças de segurança, detenções e ataques a apoiantes da oposição e jornalistas, acusou na quinta-feira a Human Rights Watch.
"O campo do jogo democrático para umas eleições justas esteve preocupantemente ausente durante estas eleições", afirmou Oryem Nyeko, investigador africano da Human Rights Watch (HRW), numa declaração divulgada pela organização de defesa dos direitos humanos, que segue a argumentação da Amnistia Internacional (AI).
A AI exigiu "o fim da detenção por motivos políticos de Robert Kyagulanyi e da sua esposa", numa declaração divulgada ao fim do dia de quarta-feira.
As forças de segurança ugandesas negam, no entanto que Kyagulanyi esteja preso e alegam que mantêm um destacamento de forças policiais ao redor da residência do ex-cantor e deputado desde 2017 por razões de segurança.