Costa do Marfim e UE anunciam trabalho conjunto para "cacau sustentável"
A Costa do Marfim, maior produtor mundial de cacau, e a União Europeia (UE), o maior importador de cacau costa-marfinense, anunciaram hoje que vão trabalhar em conjunto para garantir um "cacau sustentável".
"Há uma convergência de pontos de vista e interesses mútuos" entre a Costa do Marfim e a UE sobre a necessidade da sustentabilidade do setor do cacau, afirmou o secretário-geral da Presidência costa-marfinense, Patrick Achi, na manhã de hoje, durante o lançamento, em Abidjan, de um "quadro de diálogo" entre UE e Costa do Marfim.
Abidjan defende uma estratégia nacional para melhorar as condições de produção do seu cacau, pretendendo alcançar três objetivos: a luta contra a desflorestação, contra o trabalho infantil e a melhoria dos rendimentos dos professores.
Por sua vez, a Comissão Europeia pretende preparar uma nova legislação que limite a importação de produtos que contribuam para a desflorestação e obrigando as empresas a melhorar a sua governança.
"Queremos a mesma coisa", sublinhou o embaixador da UE na Costa do Marfim, Jobst von Kirchmann, citado pela agência France-Presse (AFP).
Esta convergência de pontos de vista "entre as ações levadas a cabo pela Costa do Marfim, por um lado, e as políticas que a UE deseja colocar em prática, por outro" estão na origem do "quadro de diálogo", afirmou Achi, segundo a agência noticiosa francesa.
"Esta parceria será uma parceria de ganhos mútuos", defendeu Kirchmann, sublinhando que acabará por ser acompanhada por apoio financeiro.
As importações de cacau costa-marfinense pela União Europeia representam 67% do volume exportado pelo país da África Ocidental.
O cacau da Costa do Marfim representa 45% da produção mundial, sendo responsável por 14% do produto interno bruto do país e pela alimentação de 24% da população.
Achi considera que este acordo é uma "aposta estratégica" para Abidjan.
Num contexto de declínio de preços do cacau, a Costa do Marfim e o Gana, segundo maior produtor de cacau do mundo, acusaram publicamente, no final de 2020, as gigantes Hershey e Mars de comprarem cacau ou pasta de cacau sem pagar um prémio especial aos produtores, destinado a garantir o seu rendimento mínimo.
Segundo o Banco Mundial, metade dos agricultores costa-marfinenses vive abaixo do limiar da pobreza, sendo que aos produtores é apenas atribuído 6% dos 100 mil milhões de dólares (82 mil milhões de euros) em receitas que o setor gera anualmente.