Assim não, senhor Ministro

Organizam-se eleições por antecipação, sem o mínimo de critério, atirando para o povo toda a responsabilidade. Confesso-me um cidadão cumpridor, obediente e sobretudo consciente. Soube-se pela imprensa que alguns concelhos teriam 13.000, 9.000, 6.000 inscritos, viram-se as filas inorgânicas de espera, o descalabro e a desorganização instalada, e pergunta-se: então estes números não foram previamente conhecidos do senhor ministro? Espante-se quando o mesmo senhor revela que após 2 horas de espera achava que tinha sido um sucesso. Será um sucesso um processo eleitoral voluntário de inscrição prévia ter uma adesão real de 80%? Por quem sois, senhor ministro. Tenha vergonha! Será que se pretende fazer crer que os portugueses são estúpidos? Pois fui um dos 20% que se recusou (por duas vezes) entrar numa fila de cerca de 300 metros, sem quaisquer regras ou princípios de distanciamento, ao frio, com espera de 2 horas garantidas, para exercer um dever e obrigação, que a distancia (967 Kms) do meu local natural de votação me obrigava. O meu candidato teve menos 1 voto. Nada significativo, senão o facto de o próximo presidente da república não poder exercer com lealdade à minha pessoa, porque não me foi permitido transmitir-lhe esse mandato, (democraticamente, pela positiva ou negativa). Como o meu ficaram 50.000 votos (voluntários!) por entrar nas urnas. Agora seremos abstencionistas, o que na prática desresponsabiliza o presidente ou nós mesmos da nossa função democrática, do nosso dever ou direito. Isto em democracia o que é que se chama? Tirania? Eu diria incompetência dum governo impreparado para esta função! Parafraseando João Vieira Pereira no seu último artigo no Expresso: “E governar implica saber que é preciso fazer mais que responder. É preciso saber antecipar.”

Rui Freitas

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