Candidatos na rua, alunos em casa e pedras contra Ventura
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O penúltimo dia de campanha presidencial ameaçava ser abafado, outra vez, pela crise pandémica e pelo anúncio do fecho das escolas até a comitiva do candidato do Chega, André Ventura, ter sido apedrejada, em Setúbal.
O deputado e candidato do Chega tinha terminado um comício quando a sua comitiva foi apedrejada por algumas dezenas de manifestantes, na sua maioria cidadãos de etnia cigana, alguns deles com cartazes de Ana Gomes.
A Polícia de Segurança Pública esteve no local e dispersou, exibindo bastões, os manifestantes, em ambiente de grande tensão, registando-se uma detenção. Os seguranças privados de André Ventura protegeram o candidato presidencial até ao interior de uma viatura, que arrancou do local, a caminho de Évora, paragem seguinte da campanha.
Protestos de "antifas" (antifascistas) e de membros da comunidade cigana, para quem o candidato da extrema-direita chegou a propor um confinamento especial no início da pandemia, têm acompanhado a campanha de Ventura pelo país.
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Minutos depois da tentativa de agressão a André Ventura, a socialista Ana Gomes foi a primeira a condenar, via Twitter, este "protesto violento" e garantiu que "ninguém atua de forma violenta" em seu nome, depois de ser perceber que alguns dos manifestantes exibiam cartazes com a sua cara.
Todos os candidatos condenaram a tentativa de agressão, de Marisa Matias, apoiada pelo Bloco de Esquerda, ao dizer que "não se derrota o ódio com violência", a Tiago Mayan, da Iniciativa Liberal (IL), que condenou "totalmente qualquer forma de violência, ameaça ou coação, venham de onde vierem".
Até essa hora, a meio da tarde, os candidatos continuavam o seu dia de campanha, alguns deles reduzindo iniciativas devido à crise epidemiológica, que levou hoje o primeiro-ministro, António Costa, a anunciar o fecho, por 15 dias, da generalidade da atividade letiva.
Todos apoiaram a ideia, reclamando, em tom crítico, apoios a quem é afetado por estas e outras medidas associadas ao confinamento geral em que o país voltou a viver desde há uma para tentar travar a pandemia.
Já o candidato apoiado pelo PCP e Verdes, João Ferreira, por exemplo, defendeu que o Governo deveria ponderar a decisão de conceder às famílias um apoio idêntico ao que foi concedido na primeira fase do confinamento, alertando que as penalizações têm um "efeito cumulativo".
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De passagem pelo distrito de Coimbra, Marisa Matias defendeu que "todas as medidas que permitam salvar vidas são absolutamente necessárias", como o encerramento das escolas, mas insistiu ser imperativo que estas decisões sejam acompanhadas dos apoios necessários.
E Ana Gomes disse compreender as medidas hoje anunciadas pelo Governo, como o encerramento das escolas, e considerou que não têm implicações no último dia de campanha, tendo apenas cancelado a visita a um estabelecimento escolar.
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Em tom crítico, Tiago Mayan Gonçalves, da IL, afirmou que o país não pode ser gerido em ciclos de 15 dias e que o Governo não sabe pensar nem planear o futuro nem governar. "E um Presidente da República também tem de ter uma palavra quanto a isto", disse.
Também a Norte, em Vila Nova de Gaia, o Presidente e recandidato, Marcelo Rebelo de Sousa, que na véspera já admitira este cenário, elogiou a solução adotada, afirmando que as novas circunstâncias justificam a decisão do Governo de encerrar as escolas, apontando como fator decisivo a propagação da "variante britânica" do novo coronavírus.
O candidato apoiado pelo PSD e CDS-PP voltou a admitir o cenário de uma segunda volta se a abstenção foi muito alta, de 70%, mas disse confiar que "os portugueses estão muito sensíveis à importância do voto, mostraram isso no voto antecipado", no domingo.
Uma posição aproveitada para Ana Gomes acusar Marcelo de ter andado "a trabalhar para a abstenção" e só "acordar agora" para este problema, e manifestou-se confiante de que irá disputar uma segunda volta.
O candidato Vitorino Silva manteve o registo da campanha `online´, com duas iniciativas, uma sobre cultura, para ouvir profissionais da área atingidos pelo fecho dos espaços culturais, e outra sobre ambiente, com uma conversa com o "movimento da Greve Climática Estudantil".
As eleições presidenciais, que se realizam em plena epidemia de covid-19 em Portugal, estão marcadas para domingo e esta é a 10.ª vez que os portugueses são chamados a escolher o Presidente da República em democracia, desde 1976.