Coronavírus Madeira

Mobilização de enfermeiros na Madeira afecta capacidade de resposta noutros sectores

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Foto ASPRESS

A Ordem dos Enfermeiros indicou hoje que a mobilização de profissionais para a área da covid-19, na Região Autónoma da Madeira, está a afetar a capacidade de resposta noutros setores, sobretudo nos cuidados primários.

"Sentimos que a área dos cuidados primários tem sido afetada com mais intensidade, mas [o impacto] é transversal a todas as áreas", disse à agência Lusa o presidente da Secção Regional da Madeira da Ordem dos Enfermeiros, Nuno Neves.

O responsável referiu que "várias centenas" de profissionais, num universo de 2.300 com inscrição regularizada na Ordem, estão a operar no combate à covid-19 e mencionou o caso de um centro de saúde onde a equipa de 11 enfermeiros ficou reduzida a três.

"Toda a resposta às restantes patologias acaba por ser colocada em causa, mas dificilmente há outra forma de o fazer", disse, reforçando: "Esta pandemia consome imensos recursos humanos e materiais".

Nuno Neves sublinhou que a mobilização dos enfermeiros para a área da covid-19 tem sido "gradual" e disse que acompanha a evolução da pandemia no arquipélago, onde o número médio diário de novos infetados é agora de 100.

De acordo com os dados mais recentes, a região contabiliza atualmente 1.765 casos ativos, num total de 3.906 confirmados desde março de 2020, com 70 pessoas hospitalizadas e 31 óbitos associados à doença.

"Numa primeira fase da pandemia, a grande luta era por equipamentos. Neste momento, é por profissionais", alertou o presidente da secção regional da Ordem dos Enfermeiros, sublinhando que "não há mais por onde recrutar", pelo que é já visível um "elevado nível de desgaste".

"Muito do trabalho é feito à custa de sacrifício pessoal", disse.

Nuno Neves considera que a situação na Madeira não atingiu ainda um ponto de rotura, em parte porque as medidas restritivas foram sempre "um pouco mais à frente", mas afirma que a pandemia está a ter "grande impacto" nos serviços de saúde.

"Nós acompanhamos as estratégias que têm sido adotadas, mas, no dia a dia, na prática, na operacionalização das medidas, há muitas dificuldades e, na linha da frente, as dificuldades são grandes", declarou.

Os enfermeiros - acentuou - atuam em diversas áreas, como no rastreio nos portos e aeroportos, escolas e lares, e também estão envolvidos na campanha de vacinação, que arrancou em 31 de dezembro de 2020.

"São na ordem das centenas, os enfermeiros ligados à área covid-19", reforçou.

Os dados oficiais indicam que foram já processadas 258.502 amostras para teste ao novo coronavírus na Madeira, das quais 150.158 resultam da operação de rastreio de viajantes nos portos e aeroportos do arquipélago, em vigor desde 01 de julho de 2021.

"Sentimos que os profissionais de saúde estão mobilizados, que há um grande sentido de missão, e os enfermeiros, enquanto maior grupo profissional, estão muito envolvidos nesta luta", afirmou Nuno Neves, vincando que "estão a dar tudo de si".

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