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Nova era

Uma nova era iniciou-se em 2020, marcada por uma pandemia que fez com que todas as pessoas, nas mais diversas latitudes, se adaptassem à nova realidade. Na Direção Regional das Comunidades, não foi diferente. Adaptámo-nos. Reinventamo-nos,

As visitas às Comunidades Madeirenses espalhadas pelo mundo, foram adiadas.

Mas a covid-19 não calou o nosso diálogo. A nossa vontade de estar juntos. As conversas francas e amigas entre a Madeira e a Venezuela, a África do Sul, o Reino Unido, o Brasil, a Austrália...

Mantivemo-nos próximos. Mais próximos até, de madeirenses e descendentes de madeirenses. Passámos a comunicar de forma regular e assídua com os Conselheiros da Diáspora, através de videoconferências, acompanhando os desafios que os Madeirenses estavam a enfrentar com a crise pandémica nos países de acolhimento.

Recebemos os poucos Conselheiros da Diáspora Madeirense que conseguiram viajar até a Região. Estivemos com empresários madeirenses e lusodescendentes que estão a investir na Madeira. Assinámos protocolos de cooperação com as Casas da Madeira. Mantivemos contacto com várias associações madeirenses no estrangeiro. Estivemos com os representantes do movimento associativo de migrantes da Madeira.

Transformámos os constrangimentos em oportunidades, de forma a apoiar todos os migrantes, nestes dias de incerteza.

Reforçamos a equipa, e praticamente duplicamos os atendimentos, ao longo do ano, quando tantos foram apanhados pela pandemia em países estrangeiros.

Pelo meio, concretizamos uma parceria com o SEF, fazendo pontes entre os imigrantes e os Serviços. Agilizando processos, acelerando marcações, e permitindo maior celeridade no pedido ou renovação de documentos.

Participámos em palestras. Fomos às Escolas da Madeira falar sobre as Comunidades Madeirenses espalhadas pelo mundo. Da importância, do orgulho que é ouvir português com o nosso sotaque em Caracas, em Londres, em Toronto ou em Joanesburgo.

Em 2020, transformámos o medo em coragem. Transformámos as incertezas em oportunidades. 2021, sabemos, ainda será um ano difícil, apesar do esforço feito pela comunidade científica na descoberta da vacina contra a covid-19. Mas vamos, mais uma vez, testar a nossa resiliência. A nossa vontade.

Vacinas

O desconhecido, a incerteza e a imprevisibilidade fazem parte do nosso quotidiano desde o início de 2020. Passado um ano já aprendemos muito, mas ainda sabemos pouco.

Por exemplo, ainda há poucos dias foi notícia que a Organização Mundial de Saúde sugeriu que se atrasasse a administração da segunda dose da vacina para abranger um maior número de cidadãos vacinados. E logo a Pfizer, veio responder que tal não era correto, e que a segunda dose deveria ser administrada 21 dias após a primeira, como estava, desde início, estabelecido.

Vivemos num mundo desconhecido, a que nos adaptamos permanentemente. Os exemplos são mais que muitos.

Incompreensível é que África vai iniciar a vacinação apenas em março. Em pleno século XXI, a igualdade de oportunidades entre os povos ainda é uma miragem.

Israel, país de nove milhões de habitantes, população muito idêntica à portuguesa, já vacinou mais de 20% da população. E o governo israelita, garante que até março, todos os maiores de 16 anos, estarão vacinados. É possível mais. Basta seguir os bons exemplos, ter ambição e nunca se resignar.

A UE e a Venezuela

As eleições deveriam ser sempre momentos de clarificação política. Na Venezuela, aconteceram eleições a 6 de dezembro para a Assembleia Nacional, marcadas pela falta de comparência dos partidos na oposição.

A União Europeia não reconheceu o processo eleitoral como transparente, credível, nem representativo da vontade democrática do povo venezuelano.

Cada vez mais polarizado, o país carece de uma solução política, assente no diálogo e na negociação entre oposição e poder, e que coloque os interesses dos venezuelanos no centro da vida política.

Um país, com aquela dimensão económica e humana, não pode estar à espera que sejam os outros países a resolver os seus problemas. Cabe aos venezuelanos, num compromisso e respeito democráticos, encontrar soluções que voltem a colocar o país na senda do progresso e desenvolvimento.

Já ninguém liga à política?

Esta semana temos eleições presidenciais. A vitória não estará em discussão, mas o povo é sempre soberano e leituras políticas serão sempre feitas.

Quando se diz que ninguém liga a política, à primeira vista parece uma verdade irrefutável. Não sei se será assim.

O debate entre Marcelo Rebelo de Sousa e André Ventura teve dois milhões de espetadores de audiência média. Quase que duplicando o segundo debate mais visto e superando as audiências de todos os debates das presidenciais de 2016.

Só grandes e poucos jogos de futebol têm audiências semelhantes. Foi mesmo o frente a frente político, transmitido por um único canal, mais visto desde 2012. A notoriedade e popularidade destes candidatos a isso ajudou.

Já ninguém liga à política? Será que é mesmo assim?

Capitólio

A democracia é o sistema político, cuja autoridade emana dos cidadãos. Os Estados Unidos, a maior e mais antiga democracia do mundo, tem sido, em muitos aspetos, um farol do mundo que preza a liberdade, a justiça e a igualdade. E foi por isso, com incredibilidade, que todos nós assistimos à invasão do Capitólio: a casa da Democracia dos Estados Unidos.

Alguém que tendo perdido eleições não queria abandonar o poder, incitou os apoiantes a marchar sobre o Capitólio, arrombando janelas, portas, invadindo, espalhando o terror, resultando em cinco mortes e numa ferida profunda no sistema democrático daquele país.

“O incitamento à insurreição” de Donald Trump é uma das páginas mais negras da história dos Estados Unidos, e valeu, para já, um segundo impeachment ao ainda presidente norte-americano.

Para nós, fica um aviso. Um alerta. A democracia, por mais madura que seja, não está imune a ataques. Precisamos de continuar vigilantes, perante os riscos do populismo. Perante aqueles que procuram, à boleia da pandemia, explorar os receios e as dificuldades do povo, para instalar-se no poder.

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