Tolerância ou ignorância
Quanto mais nos questionamos do porquê no nosso país existir muita miséria, injustiça, demagogia, hipocrisia, corrupção, mais ficamos a pensar que a liberdade permite tudo o que de mau tem a democracia. Mas será mesmo que a culpa é da democracia, dos que a conduziram ou dos que cada vez mais, alheios às realidades do país acham-se isentos de culpas pelos sucessivos erros cometidos pelos governantes ao longo dos já 46 anos de «regime democrático»? Cada vez que os cidadãos são chamados a elegerem os seus (representantes) maior é o número de abstencionistas. Por este comportamento será que os portugueses que não se revêm neste modelo de regime, não acreditam nos políticos e nas suas promessas ou pura e simplesmente estão fartos de tanto roubo que a (justiça) impunemente deixa passar em claro sem qualquer tipo de penalização, punição e ou condenação. Por isso, de quem será a culpa do aparecimento dum político denominado de extremista, populista, xenófobo, protofascista e demais designações. Será que o regime, os políticos que conduziram ao longo desta quatro décadas, ou os cidadãos que ao longo dos tempos não aprenderam a viver em liberdade e lidar com a democracia? Agora que a linguagem de um deputado que despertou a consciência adormecida de muitos portugueses para a realidade do país, eis que um corrupio de salvadores da pátria aparecem aflitos porque sentem a ameaça de um deputado que usando (o sentimento oculto e calado) de muitos portugueses, talvez os tais 50% de revoltados e indignados abstencionistas, saíram da toca a defenderem com todos os meios possíveis, e imaginários a sua condenação e o combate acérrimo. Afinal! já pensaram seriamente a causa do aparecimento deste personagem? já alguma vez alguém teve a coragem de dizer aquilo que à muito os portugueses sentados frente às TV’s , ou nos seus comentários de café com amigos, achavam e condenavam a classe politica, devido aos seus sucessivos erros que prejudicavam e de que maneira uma boa parte da cidadania e o país no seu todo? Será o manter a confiança ou não será manter a ingenuidade em querer continuara a acreditar que; quem tem o poder possa a vir mudar o modelo do poder! “A maior desgraça de uma nação pobre é que em vez de produzir riqueza produz ricos” (frase de Mia Couto). “O pior duma sociedade manipulada por políticos é ver pobres defendendo políticos culpáveis da sua pobreza”, ( Paulo coelho). Mesmo que com muitos condicionalismos que não sei até que ponto permitirá que no dia 24 de Janeiro teremos novamente nas nossas mãos o que a democracia proporciona, a liberdade de escolher os nossos governantes. Espero que os portugueses que acham que aquilo que a democracia permitiu fazer até aqui, acharem que é digno de uma nova oportunidade, ou aqueles que por qualquer razão à muito deixaram de acreditar neste modelo de regime uns e outros só têm uma alternativa; Votar em consciência, a concordância, a tolerância, a indignação ou a revolta deverá ser expressa através do voto. Não será com abstenção ou a tolerância que manifestaremos a nossa indignação. Será que estas eleições serão diferentes, para pior? Sendo todos os portugueses detentores dos mesmos direitos, a verdade é que apenas ficará expressa a vontade daqueles que forem exercer o seu direito de voto. Não cumprir esse dever será entregar nas mãos de outros o nossa eminente decisão. Um presidente eleito por alguns, dificilmente será um bom presidente para todos. Porque o país à falta de bons noutros órgãos de soberania precisa urgentemente dum bom presidente. Até lá deixo que a liberdade inspire cada português e faça no pensamento de cada cidadão o despertar do sentimento da responsabilidade perante um país massacrado, enganado, desiludido e sem esperança de um dia voltar a poder ser um país digno do seu povo e um Portugal com justiça.
A.J. Ferreira