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Marcelo aconselha "pés assentes no chão" em relação à "bazuca" europeia

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O Presidente da República e recandidato ao cargo, Marcelo Rebelo de Sousa, aconselhou hoje "pés assentes no chão" em relação à chamada "bazuca" de apoios da União Europeia para fazer face às consequências da pandemia de covid-19.

"Eu gosto de ser otimista, mas gosto também de ter os pés assentes no chão, no sentido de que depois a concretização é sempre mais complicada do que se pensa, porque há sempre um governo que cai num país, um parlamento que demora tempo a aprovar, o dinheiro não vem logo naquela ocasião, só vem mais tarde", afirmou, referindo que os Estados-membros "ainda não aprovaram a contração dos empréstimos para pagar esta bazuca".

Marcelo Rebelo de Sousa falava no final de uma visita que realizou em campanha para as eleições presidenciais de domingo ao Campus de Carcavelos da Universidade Nova de Lisboa, onde deu uma entrevista a alunos da Faculdade de Economia, que a comunicação social não pôde acompanhar.

No entanto, à saída, o próprio candidato reproduziu algumas das perguntas e respostas, por exemplo, "qual é a maior questão que o país enfrenta em 2021, tirando a pandemia", questão à qual disse ter respondido: "A pandemia. Não se pode tirar a pandemia porque a crise económica e social é mais duradoura ou mais profunda conforme a pandemia é duradoura e profunda".

Depois, a propósito dos apoios às empresas, que considerou que têm tido uma evolução positiva, desde logo, no Orçamento do Estado para 2021, Marcelo Rebelo de Sousa procurou relativizar a ideia de que "Portugal vai receber muito dinheiro" da União Europeia, "40 e tal mil milhões [de euros], 50 e tal mil milhões, conforme os cálculos".

"Mas sabem em quanto é que já vai a conta da pandemia? 22 mil milhões, e estamos numa fase longe do fim da pandemia. Quando estivermos no fim da pandemia descobrimos que são 30 e tal mil milhões, o que equivale a muito dinheiro, equivale ao dobro do Plano de Recuperação e Resiliência e equivale a quase aquilo tudo que corresponde a vários anos do quadro financeiro multianual", apontou.

O chefe de Estado e candidato presidencial disse que sempre teve "muito cuidado com a bazuca", não a encarando "como resolução automática dos problemas dos portugueses", porque "a vida é sempre mais complicada do que essas ideias muito atrativas".

Marcelo Rebelo de Sousa ressalvou que "foi uma grande conquista haver o que se chama bazuca", que "já é um passo único na história da União Europeia".

Contudo, frisou que os apoios foram decididos "quando se pensava que a pandemia acabava no outono do ano passado, as contas foram feitas assim", e que é preciso comparar "a dimensão da bazuca" com "a dimensão da pandemia".

"Vamos em janeiro deste ano, e onde é que se vai buscar a bazuca?", perguntou, concluindo que nesta matéria "tem de se lutar todos os dias".

O candidato presidencial apoiado por PSD e CDS-PP prestou declarações aos jornalistas à chegada e à saída desta iniciativa, prometendo que irá fazer uma campanha com "ações ligadas à saúde", para "chamar a atenção para a pandemia e para o que ela implica na vida dos portugueses".

Sobre o decreto do Governo com reforço de medidas restritivas aprovado na segunda-feira e que hoje assinou como Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa reafirmou que "era preciso apertar as medidas" sobretudo ao fim de semana, porque "a quebra na mobilidade dos portugueses tinha sido insuficiente".

No seu entender, "o Governo foi sensível" à sua chamada de atenção e "apelo simultâneo" com a ministra da Saúde, Marta Temido, para que o confinamento em vigor fosse levado a sério: "Eu achava que era importante dar um sinal político, e ele surgiu no dia seguinte".

Questionado pela comunicação social sobre os relatos de dificuldades no registo de idosos residentes em lares para o voto antecipado, Marcelo Rebelo de Sousa notou que este "é um trabalho que nunca tinha sido feito em Portugal, portanto, é uma experiência completamente nova e, em rigor, é mesmo pioneira em termos de democracias europeias", considerando "natural que surjam aqui e ali questões".

Ainda sobre a entrevista que deu hoje nesta universidade, Marcelo Rebelo de Sousa relatou que indicou este período de pandemia de covid-19 como "o momento mais significativo" do seu mandato e que se manifestou incomodado com a intolerância na Europa em relação aos imigrantes.

Em resposta aos alunos, o candidato declarou que teria "confiança em todos os líderes partidários portugueses" para comprar um carro e confessou um arrependimento: ter afastado a liderança do PSD em 1996 com a célebre frase "nem que Cristo desça à terra", observando: "E desceu quinze dias depois. Eu a partir daí aprendi que nunca se diz nunca".

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