Natalidade em queda pede medida fortes e já
Rubina Leal fala da necessidade de conciliar a vida familiar com o emprego, mais do que de reforçar abonos e subsídios
São precisas medidas que conciliem a vida familiar com o trabalho, mais do que apoios financeiros, como forma de aumentar o número de filhos nas famílias, acredita Rubina Leal, deputada do Partido Social-Democrata na Assembleia Legislativa da Madeira, autora de uma moção no Congresso do PSD e de um projecto de resolução apresentado no ano passado no parlamento madeirense onde levantou precisamente a questão da diminuição da natalidade e frisou a necessidade de centrar as políticas públicas no estímulo à natalidade e na protecção das famílias e da velhice.
A conciliação entre a vida familiar e o emprego é essencial no entender de Rubina Leal, uma vez que hoje as pessoas têm de se dividir entre as responsabilidades dos dois. Defende que é preciso fazer esta aposta, numa ligação entre as entidades públicas e privadas, para inverter uma tendência que se tem vindo a agravar, como espelha a manchete de hoje do DIÁRIO.
“Tem de ser já”, alerta. “Nós sabemos que o momento actual é difícil, está tudo centrado nesta crise sanitária que estamos a viver, é difícil por vezes conciliar esse tipo de medidas com esta crise sanitária que é preciso dar resposta, é preciso acudir. Mas não podemos de modo algum escamotear esta questão, porque é o nosso futuro que está em causa, que está em risco, e a sustentabilidade da nossa sociedade.”
Cátia Teles , 19 Janeiro 2021 - 07:00
A deputada, ex-secretaria regional da Inclusão e Assuntos Sociais, diz que os números falam por si e se nada for feito haverá uma quebra significativa da população activa e da força de trabalho nos próximos anos que poderá ser problemática. Pede por isso uma grande discussão à volta do tema.
Rubina Leal não acredita que haja uma desvalorização da questão da diminuição da natalidade e dos seus impactos por parte dos governos, tanto Regional como da República. “Mas acho que podia haver uma aposta mais consistente”, assume.
Não podem ser só os abonos de família, os subsídios de nascimento e medidas similares. Se fosse uma questão de dinheiro apenas, a Alemanha estava cheia de filhos e as famílias abastadas também. E isso não acontece, exemplifica. “É a instabilidade, a falta de confiança. Se for ver todos os dados estatísticos, as pessoas gostavam de ter mais filhos”.
A diminuição da natalidade – a Madeira tem o seu segundo pior ano desde que há registo – é a prova no entender da deputada social-democrata de que momentos de instabilidade, de incerteza levam a que as pessoas não invistam nas questões familiares. A isto junta-se o investimento na carreira por parte das mulheres e o ter filhos mais tarde.
“Pode ser e será com certeza um problema que nós podemos enfrentar. É importante contrariar as tendências futuras e as consequências sociais e económicas”, sublinhou.
Rubina Leal explica que o conjunto de medidas que poderá contrariar a tendência tem a ver com as políticas públicas e com as empresas, sendo no seu entender uma das mais relevantes essa possibilidade de conciliação entre o trabalho e o lar. Pede que seja repensada a questão e que haja uma aposta forte neste sentido.