Reino Unido quer cimeira do G7 na Cornualha centrada na saúde e clima
Se a pandemia o permitir, a cimeira do G7, que junta os sete países mais industrializados, vai ser uma das primeiras cimeiras presenciais de líderes mundiais em quase dois anos e vai centrar-se na saúde e alterações climáticas.
Fontes da chefia do governo britânico, explicaram hoje que a intenção do Reino Unido é reforçar o papel do G7 como fórum de grandes democracias e acrescentaram que a reincorporação da Federação Russa, expulsa em 2014, depois de ter anexado a Península da Crimeia, nem se coloca.
Em declarações ao jornalista Enrique Rubio, da EFE, aquelas fontes de Downing Street, onde está o primeiro-ministro Boris Johnson, avançaram que a prioridade britânica, mais do que coordenar a resposta imediata à crise pandémica, é preparar a comunidade internacional para futuras crises sanitárias, o que passa por um melhor sistema de alertas ou uma maior coordenação científica.
A outra prioridade é o clima, considerando inclusive que o Reino Unido vai organizar em Glasgow, em novembro, a 26.ª Conferência das Partes (COP26) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (UNFCCC, na sigla em Inglês).
"O G7 da Cornualha vai ser um trampolim para a COP de Glasgow. O Reino Unido espera sair deste ano como uma superpotência científica", foi o desejo expresso pelas fontes.
Um terceiro eixo da cimeira, fixado pelos britânicos, vai ser o da "prosperidade", com o que esperam dicutir um comércio internacional "mais livre e mais justo".
Johnson quer enfatizar especialmente a confluência de valores dos países reunidos no G7, a saber, Alemanha, Canadá, EUA, França, Itália, Japão e Reino Unido.
Para a cimeira foram convidados Austrália, Coreia do Sul e Índia. Apesar de Londres aludir a um eventual D10 (Dez Democracias) para designar este novo grupo, as fontes de Rubio deixaram claro que não se trata de mudar o G7 formalmente como organização, mas sim trabalhar "mais estreitamente" com outros países.
Para Johnson está muito em jogo na cimeira, que vai decorrer em Carbis Bay, entre 11 e 13 de junho.
Não só por ser a primeira vez, se tudo correr como previsto, que os líderes das democracias mais ricas do mundo se veem pessoalmente desde o aparecimento do coronavirus, como será o lançamento internacional do Reino Unido depois do fim de todos os seus vínculos com a União Europeia (UE).
Londres pretende demonstrar que "o Brexit (designação do processo de saída da UE) não é um desastre geoestratégico, mas sim o que o povo britânico escolheu em referendo", ainda segundo estas fontes, que defenderam que "abandonar a UE não é abandonar a Europa".
Se o presidente francês, Emmanuel Macron, aproveitou a última cimeira do grupo, em 2019, em Biarritz, para se projetar internacionalmente, Downing Street aponta que Johnson vai ter a ocasião de fazer o mesmo.
"Cada líder usa a cimeira que organiza como oportunidade para promover as suas prioridades. Claro que a Cornualha vai ser uma plataforma para o Reino Unido promover os seus valores", indicaram.
A cimeira vai ter ainda maior relevância se o presidente eleito dos EUA, Joe Biden, estiver presente, na que seria a sua primeira deslocação ao Velho Continente na sua nova função.
Depois da relação de proximidade com Donald Trump, Downing Street enfatiza agora as áreas em que há convergência de Johnson com Biden, designadamente o campo das alterações climáticas.