Madeira

"Sobressalto cívico"

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Boa noite!

Após quatro dias de férias técnicas, eis-nos de volta para mais uma partilha de inquietações no dia em que António Costa  pediu aos portugueses um "sobressalto cívico" para melhor controlar as infecções por covid-19 e combater sem tréguas a pandemia.

Vamos a acordar porque mesmo sendo tarde, e após tanto estado de emergência, comprovadamente ineficaz, o caos está instalado. As imagens que nos atormentam são eloquentes. Custa ver dezenas de ambulâncias com doentes a aguardar vez à porta das urgências hospitalares em colapso, a suspirar pelo atendimento impossível. Custa ver gente sem máscara a passear ao abrigo do sol de Inverno, atrelada ao cão ou ao carrinho de bebé, portando-se como marginais da saúde pública. Custa ver a irresponsabilidade à solta no circuito insular das ponchas. Custa ver políticos desesperados a assumir culpas que nada resolvem nesta altura ou a sacudir para terceiros as competências que lhes estão confiadas. Custa ver o medo instalado nos incapazes de assumir a impopularidade de colocar quem governa a ter prioridade na vacinação. Custa ver a exaustão dos dedicados profissionais de saúde. Custa ver a dor daqueles que nem podem estar no último adeus de quem amam. Custa ver a procissão da morte.

O sobressalto que nos pede tem sido permanente, mas há ainda umas verdades por dizer.  Senhor primeiro-ministro, como depende de cada um de nós contribuir para que não se percam mais vidas em vão, peço-lhe encarecidamente que:

. Governe. Está legitimado para decidir, de preferência, bem, sem hesitações e de forma atempada, sem comprometer os direitos humanos.

. Não culpe os portugueses por todos os males pandémicos, porque muitos, mesmo tendo ficado em casa, sobretudo os mais velhos, sem escolha, foram barbaramente infectados.

. Não ostracize indignamente nenhum dos cidadãos, mesmo aqueles que com posturas negacionistas, desrespeitam regras e princípios básicos de vida em sociedade. Esse precisam de correctivo exemplar, com elevação e propósito pedagógico.

. Não demore a distribuir pelas contas dos portugueses o dinheiro que lhes é devido, dos impostos pagos a mais no ano passado, das perdas geradas pelos sucessivos confinamentos, das linhas de apoio a fundo perdido

. Seja justo. Não use este tempo de privação acrescida para sufocar financeiramente as Regiões Autónomas e todos aqueles que não são da sua família política.

. Não finja estar surpreendido. Os especialistas fartaram-se de avisar para os perigos de um Natal desafogado.

. Não nos leve a perder o que nos resta, a esperança

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