Empresários reclamam fundo de garantia e classificam apoio de 438 euros como "vergonhoso"
Concentração da Confederação Portuguesa das Micro, Pequenas e Médias Empresas (CPPME) reuniu perto de 30 pessoas
A concentração estava marcada para as 16 horas desta segunda-feira, em frente à Quinta Vigia, e juntou perto de 30 empresários, a maioria deles ligados ao sector da restauração. À mesma hora, Miguel Albuquerque marcava presença em São Vicente, para anunciar os prejuízos causados na Costa Norte, devido ao temporal de 25 de Dezembro.
Ainda assim, a ausência do presidente do Governo Regional não fez desmobilizar este encontro, sob forma de protesto, organizado pela Confederação Portuguesa das Micro, Pequenas e Médias Empresas (CPPME), que pela voz do seu delegado local, Ricardo Azevedo, acusou o executivo madeirense de “falta de apoio directo e diálogo” nestes que são tempos conturbados.
O Governo tem vindo a tomar decisões sem nos consultar. O Governo simplesmente reúne com a sua equipa e lança medidas cá para fora, medidas essas que infelizmente estão a matar o sector da restauração. No nosso entender, as medidas têm de ser tomadas, mas não desta forma. São medidas que têm de ser tomadas de forma mais célere, de forma a permitir que o sector da restauração tenha um horário muito mais alargado para trabalhar, uma vez que este é o sector que mais está a sofrer e é aquele que mais investe na segurança. Ricardo Azevedo, presidente do núcleo regional da CPPME
Empresários organizam concentração em frente à Quinta Vigia
Encontro está agendado para as 16 horas da próxima segunda-feira, dia 18 de Janeiro
Ricardo Azevedo foi mais longe nas críticas e, em alusão ao apoio de 438 euros anunciado pelo Governo Regional para os micro empresários e taxistas, disse que o valor é "vergonhoso".
"O apoio é muito baixo, e quem diz para os táxis também diz para o sector da restauração, que é 438 euros e 81 cêntimos pago uma vez só, repito uma vez só. Gostava de saber como é que se consegue sobreviver com esse apoio", visou Ricardo Azevedo, pedindo uma "fiscalização" a este documento "que se destina às associações para ser entregue aos seus associados".
"E esse dinheiro será que vai bater às mãos correctas? É este o cuidado que temos de ter. O Governo não pode convocar num sábado para ter reunião hoje, para falar de apoio, que é entregue uma vez só e que não ajuda ninguém, nem num sector nem noutro. É até vergonhoso anunciar um apoio destes", criticou.
CPPME pede fundo de garantia
A CPPME reclama que se baixem os impostos na restauração, que os horários sejam alargados, e principalmente que o Governo Regional oiça “este sector que está a ser o mais prejudicado”.
A restauração é o sector que mais cuidado tem para preservar a saúde dos seus clientes. Como é que a restauração consegue sobreviver, pagando água, luz, funcionários, segurança social, impostos e fornecedores, a trabalhar só no horário do almoço? Ricardo Azevedo, presidente do núcleo regional da CPPME
A falar pelos 96,4% dos micro, pequenos e médios empresários que representam tamanha fatia do tecido económico madeirense, a CPPME pede um fundo de garantia "para fazer face às despesas desta gente".
“Fundo esse que já constava na proposta entregue em Abril ao Governo Regional, e que pretendia fazer face às despesas desta gente, ou seja, esta gente tinha que provar no ano transacto que tinham aquele valor de despesas e esse dinheiro era entregue directamente a esse micro empresário para fazer face às suas despesas. Ao fim ao cabo, é aquele apoio que o Governo criou em Dezembro dos 10 milhões (…) É isto que nós defendemos, um fundo de garantia para que esta gente consiga ter dinheiro para sobreviver. Não é andarmos aqui só com medidas e mais medidas, onde as mesmas deviam de ser feitas a pensar na população”, explicou Ricardo Azevedo, que não deixou ainda de abordar a ausência de diálogo.
“Se realmente houvesse interesse por parte do Governo em resolver o problema eles estariam aqui. Eu no lugar do Governo estava cá”.