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Maláui com primeiras medidas de contenção após número recorde de casos

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O primeiro conjunto de restrições para combater o surto de covid-19 entrou hoje em vigor no Maláui, onde os casos estão a surgir, anunciou o chefe de Estado, anulando uma decisão judicial que até agora proibira qualquer contenção.

Ao contrário de outros países do continente africano, a vida quotidiana neste país da África Austral não mudou desde abril, quando o Supremo Tribunal do país (que atua como juiz constitucional) bloqueou uma decisão de contenção por parte do governo.

Os magistrados tinham considerado insuficientes as medidas para compensar a perda de meios de subsistência da população deste país muito pobre, vizinho de Moçambique, e cuja maioria dos habitantes trabalha informalmente e onde mais de metade dos cidadãos vive abaixo do limiar de pobreza extrema.

Mas após vários meses de níveis relativamente baixos de infeção, o Maláui - como muitos outros países africanos - enfrenta um surto de casos de covid-19.

No domingo à noite, o Presidente, Lazarus Chakwera, ordenou um recolher obrigatório noturno e o encerramento das escolas durante três semanas.

O número de participantes nos comícios tem sido limitado e o uso de máscaras - até agora apenas encorajado - tornou-se obrigatório, pela primeira vez desde o início do surto.

"Chegou o momento de pôr em prática estas medidas para o bem comum", disse Chakwera, no domingo à noite num discurso à nação, acrescentando que estas entrariam hoje em vigor.

A morte de dois ministros devido à covid-19, a 12 de janeiro, levou o chefe de Estado a declarar o estado de emergência, o que lhe permitiu anular a decisão do Supremo Tribunal.

Na ocasião, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, endereçou as condolências ao Maláui pela morte dos dois governantes.

Até agora, o Maláui registou 12.470 casos e 314 mortes, numa população de mais de 18 milhões de pessoas. Mas mais de 40% destes casos foram detetados só em janeiro, com um número recorde de 685 casos em 24 horas, e Chakwera avisou que as estruturas sanitárias do país estavam "sobrecarregadas" com o surto.

"A situação é absolutamente desesperada", disse, apresentando um plano de recrutamento de pessoal médico e hospitais de campo aberto.

Também prometeu que seriam disponibilizados 24 milhões de dólares para combater a epidemia.

Até agora, as únicas medidas tomadas foram o encerramento das fronteiras internacionais entre agosto e outubro e depois, brevemente, em dezembro, para impedir a importação de casos.

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