Alexei Navalny condena "a maior ilegalidade" que já viveu
O líder da oposição da Rússia, Alexei Navalny, afirmou hoje, enquanto se apresentava perante um juiz na esquadra onde está detido, que a sua detenção constitui a "maior ilegalidade" pela qual já passou.
"Não percebo o que está a acontecer. Já vi muitas paródias à Justiça (...), mas esta é a maior ilegalidade", disse Navalny num vídeo divulgado na rede social Twitter pela sua porta-voz, Kira Iarmych.
O seu advogado, Vadim Kobzev, também divulgou no Twitter uma carta das forças de segurança informando-o de que o tribunal de Khimki, nos subúrbios de Moscovo, iria, às 12:30 (09:30 em Lisboa), "examinar o pedido de detenção do cidadão Navalny Alexei", numa audiência realizada na esquadra.
Ativista anticorrupção carismático e inimigo reconhecido do Kremlin, Navalny, de 44 anos, acusa o Presidente, Vladimir Putin, de ter ordenado o seu assassínio com veneno novichok em agosto, o que a Rússia nega.
Navalny sobreviveu à tentativa de envenenamento, mas esteve internado durante cinco meses na Alemanha, em tratamento.
No domingo, o opositor voltou a Moscovo, tendo sido imediatamente detido à chegada pelos serviços prisionais russos (FSIN), que o acusaram de ter violado as medidas de controlo judicial ao procurar tratamento no estrangeiro.
Para surpresa de todos, um tribunal decidiu reunir-se hoje na esquadra de Khimki, nos arredores de Moscovo, para examinar o "pedido de detenção", explicou Vadim Kobzev.
"O avozinho no seu 'bunker' está com tanto medo que rasgou e mandou o código de processo penal para o lixo", acusou Navalny, referindo-se ao Presidente Putin e ao facto de um tribunal se reunir numa esquadra de polícia.
Os serviços prisionais avisaram na quinta-feira que Navalny seria detido quando regressasse à Rússia por violar o controlo judicial que lhe foi imposto no âmbito de uma pena de prisão suspensa de cinco anos por peculato, considerada politicamente motivada.
Navalny também se tornou, no final de dezembro, alvo de uma nova investigação de fraude, sendo suspeito de ter gastado 356 milhões de rublos (cerca de 3,9 milhões de euros) de doações para seu uso pessoal.
O seu regresso, no domingo, foi agitado, tendo o aeroporto ficado cheio de dezenas de apoiantes, que também foram detidos pelas tropas de choque.
União Europeia, Estados Unidos e várias organizações de direitos humanos já exigiram a libertação imediata do líder da oposição russa.