Cultura poderia funcionar com medidas para conter pandemia
O candidato à Presidência da República João Ferreira defendeu hoje que algumas atividades culturais poderiam funcionar durante o novo confinamento desde que fossem garantidas as condições de combate à propagação da pandemia, tal como acontece com as cerimónias religiosas.
"No que toca ao funcionamento das cerimónias religiosas, por exemplo, não há razão para que elas não aconteçam, como não há razão para que outro tipo de atividades, nomeadamente culturais, em circunstâncias idênticas, ou seja, que estejam elas próprias em condições de garantir medidas de distanciamento, medidas de proteção, daqueles que trabalham e daqueles a quem eles se dirigem - os trabalhadores da Cultura e os espetadores -, não há razão para que essas atividades tenham de parar", considerou.
Em declarações aos jornalistas à margem de uma visita à Escola Superior Agrária de Ponte de Lima, no distrito de Viana de Castelo, o candidato comunista lembrou que o cenário no setor da Cultura já era "de si devastador", sendo imprescindíveis instrumentos de apoio para permitir a sobrevivência do setor.
Para João Ferreira, parando, as atividades culturais "têm de ser de facto protegidas, salvas", porque, referiu o candidato, trata-se neste momento "e desde há vários meses", de "uma questão de sobrevivência".
"Nós não podemos permitir que se mate a cultura neste país, Nós temos um problema de insuficiente valorização da cultura em Portugal", situação que, considerou, foi agravada pela pandemia de covid-19.
E prosseguiu: "Sempre disse que a opção deveria ter sido também por aí, garantir, adequando todas as condições de segurança ao funcionamento daquilo que possa funcionar, permitir esse funcionamento".
Em conferência de imprensa em Lisboa, na quarta-feira, António Costa anunciou um novo confinamento, que inclui o encerramento dos equipamentos culturais, remetendo para hoje a apresentação de medidas de apoio ao setor.
De acordo com decisão do Governo, os equipamentos culturais terão de encerrar a partir das 00:00 de sexta-feira, em Portugal Continental, tal como aconteceu em março do ano passado.
Em 2020, a paralisação da Cultura começou na segunda semana de março, depressa se estendeu a todas as áreas e, no final de 2020, entre "plano de desconfinamento" e estados de emergência, o setor somava perdas superiores a 70% em relação a 2019.
Portugal vai regressar ao dever de recolhimento domiciliário, a partir das 00:00 de sexta-feira, tal como em março e em abril.
Na semana passada, várias estruturas da Cultura anunciaram a marcação de um protesto nacional para dia 30, de alerta para o que consideram a falta de respostas do Governo perante "as consequências devastadoras da pandemia".
Depois da Escola Superior Agrária de Ponte de Lima, João Ferreira seguiu depois para um encontro com trabalhadores dos antigos estaleiros navais, na Junta de Freguesia de Monserrate.
À tarde, o candidato tem previstas ações no distrito de Braga: um contacto com trabalhadores da Continental Mabor, frente à empresa, em Vila Nova de Famalicão e uma iniciativa em defesa da cultura no Instituto Design de Guimarães (IDEGUI).