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Saiba quem foi Santo Amaro

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A Madeira celebra o dia de Santo Amaro a 15 de Janeiro, dia em que a tradição manda ‘varrer os armários’ e encerrar as festividades do Natal com a desmontagem dos presépios.

Mas afinal quem é Santo Amaro? De acordo com Rita Rodrigues, da Direcção Regional da Cultura, "Santo Amaro nasceu em Roma em 512 e faleceu a 15 de Janeiro de 584. Foi seu mentor São Bento de Núrcia (c.480-547), desde a idade de doze anos, de quem recebeu o ensinamento do caminho da pobreza, embora tenha nascido no seio de uma família nobre, sendo seu pai, Eutíquio, um senador romano. Seguindo a ordem beneditina, Santo Amaro, como eremita, exaltou o silêncio e a oração, sendo considerado o herdeiro espiritual de São Bento”.

Num texto publicado hoje na página de Facebook da Secretaria Regional de Turismo e Cultura, Rita Rodrigues explica que a devoção a Santo Amaro foi introduzida na ilha “pelos primeiros colonos, pois era um santo muito acarinhado em Portugal e em toda a Península Ibérica”. A teoria é atestada pelos quatro templos, ainda existentes na Madeira e alguns altares desta devoção espalhados por diversas igrejas, a saber:

“No Funchal, e integrada na ‘Torre do Capitão’, encontra-se a Capela de Santo Amaro. Esta ermida deve ter sido edificada sobre uma mais antiga, a Capela da Madre de Deus, de construção quinhentista, enquadrada num núcleo agrícola e habitacional, com uma torre de vigia, a designada ‘Torre do Capitão’, cuja construção remontará a cerca de 1460 sob as ordens de Garcia Homem de Sousa, fidalgo, casado com D. Catarina da Câmara, filha de João Gonçalves Zarco. Na Capela de Santo Amaro anotam-se elementos típicos da arquitetura religiosa, insular, do século XVII, como a pia de água benta e os azulejos, hoje sobre a porta lateral, mas que cobriram, anteriormente, a nave da capela”.

“Em Santa Cruz, junto à Quinta do Revoredo, encontra-se a Capela de Santo Amaro. A primitiva capela, mandada edificar pelo povo, deveria ser de construção muito antiga, pois em 1538 é referido o seu estado de ruína, sendo anotadas várias campanhas de obras nos séculos XVII e XVIII, como aquisição de imagens do santo. Teve confraria de Santo Amaro fundada em 1656. Apesar da atual capela ter sido reconstruída nos primórdios do século XX, ainda subsistem alguns elementos antigos como o seu portal quebrado. Anote-se que em Santa Cruz as celebrações religiosas de Santo Amaro, com procissão muito concorrida, chamam a este local gentes de toda a ilha”.

“Na Ponta do Sol, a Capela de Santo Amaro foi edificada nas primeiras décadas do século XVI, como testemunharam as suas características góticas, observáveis em fotografias antigas, com o altar-mor orientado para leste. Construída na Lombada, propriedade do fidalgo, de origem flamenga, João Esmeraldo, grande produtor e mercador de açúcar, que fez testamento em 1533 e faleceu a 19 de junho de 1536, ficando-lhe, assim, atribuída a sua construção, ou ao seu filho, Cristóvão Esmeraldo. A atual capela é fruto de uma nova construção, do século XX, que seguiu a traça primitiva, mas colocada com outra orientação, norte/sul, estando documentado o estado de ruína da antiga capela em 1906 e 1922. Deve-se a nova construção à ordem da Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, em junho de 1945, sendo a primeira pedra lançada a 2 de junho de 1946, cujo projeto é do arquiteto Manuel Fabrício Rodrigues (Funchal), com revisão do arquiteto Baltazar de Castro. Possui esta capela uma imagem de «Santo Amaro», em madeira, possivelmente dos inícios do século XVII, de oficina portuguesa, respeitando a iconografia do santo, com seu cajado torso e um livro”.

“No Paul do Mar, concelho da Calheta, teria existido, em finais do século XV, uma ermida de Santo Amaro mandada edificar por João Anes do Couto Cardoso, povoador com terras de sesmarias, tendo sido depois ampliada pelo seu filho, Francisco do Couto Cardoso, fundador do morgadio do Paul do Mar. Em 1695, o Paul do Mar ainda não era paróquia, sabendo-se, por Henrique Henriques de Noronha, em 1722, que na igreja existia uma «imagem de grandes votos e romagem». Ficou este templo danificado pelo terramoto de 1 de abril de 1748, tendo, no entanto, chegado ao século XX, sendo demolido em 1974, dando lugar a uma nova construção, com a contribuição de emigrantes da América (Panamá, Equador), África do Sul e Austrália, benzida a 17 de agosto de 1974”.

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